Combate às enchentes passa por planejamento e mapeamento de áreas de risco

Para o professor Fernando Antonio Medeiros, a prevenção é um recurso importante em toda essa questão; já o professor Alex Abiko chama a atenção para o planejamento urbano

 08/02/2022 - Publicado há 2 anos
A Defesa Civil tem um recurso para atuar mais especificamente nos períodos críticos, mas esquece que os recursos são menores nos períodos em que as dinâmicas de ocupação continuam – Foto: Canva

 

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Alex Kenya Abiko – Foto: Sandra Sedini/IEA

Por conta das chuvas, o mês de janeiro costuma ser preocupante para moradores de regiões de risco. De acordo com dados levantados em 2020 pelo Instituto Geológico do Estado, a Grande São Paulo tem 132 mil imóveis em áreas de risco alto ou muito alto para deslizamentos e enchentes. As informações foram coletadas através do Mapeamento de Riscos de Movimentos de Massa e Inundações de 38 municípios da Grande SP. Em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª edição, o professor Alex Abiko, do Departamento de Engenharia de Construção Civil da Escola Politécnica (Poli) da USP e o professor Fernando Marinho, do Departamento de Engenharia de Estruturas e Geotécnica e também do Instituto de Geociências, ambos da USP, analisam a situação de áreas de risco e problemas de moradia.

De acordo com professor Abiko, sobre o planejamento urbano, “a gente tem que olhar o problema que se repete todos os anos, tendo vários olhares. Um deles é o planejamento urbano em si. Existe um ordenamento territorial estabelecido tanto pelo Plano Diretor quanto por leis de zoneamento. Se observamos tragédias como essas que a gente observou no mês de janeiro, significa que alguma coisa não está funcionando e que necessita ser melhorada e ser objeto de uma ação mais contundente do poder público”.

Prevenção e solução

Fernando Antonio Medeiros Marinho – Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Em relação aos recursos, o professor Marinho divide as aplicações em dois aspectos: “O aspecto da prevenção e o da solução. No aspecto da prevenção, a Defesa Civil tem um recurso para atuar mais especificamente nos períodos mais críticos, mas esquece que os recursos são menores naqueles períodos em que as dinâmicas de ocupação continuam. Os recursos precisam ser alocados de forma que possam atuar ao longo de todo o ano”. O professor ainda identifica a relevância do mapeamento consolidado na classificação das área de risco por todo o Brasil.

Em meio a esses impactos, os institutos de pesquisa buscam encontrar metodologias para contornar a situação. “A gente tem desenvolvido uma metodologia junto com o Instituto Geológico. Há muitos anos esse trabalho vem sendo desenvolvido, estamos preocupados em transferir conhecimento para tomadores de decisão dentro dos municípios, do governo estadual e também do federal e, além disso, envolver as comunidades que são objeto desse fato tão triste que aconteceu”, discorre o professor Abiko sobre as últimas pesquisas. O estudo gerou, inclusive, uma norma técnica em 2021, a ABNT NBR ISO 37123, para indicar cidades resilientes.

Um dos fatores mencionados pelos dois professores é a importância da conscientização e do envolvimento da comunidade na prevenção e identificação dos problemas, mas o professor Abiko ressalta que não deve haver uma substituição de responsabilidade do poder público por essa participação: “São coisas complementares e devem ser desenvolvidas de forma muito harmônica”.


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