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Neste final de ano, manter o otimismo na ciência, apesar do negacionismo, é o assunto da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “No dia 3 de dezembro, a revista Nature publicou uma entrevista com Francis Collins, que deixará este mês a posição de diretor dos National Institutes of Health, o poderoso NIH dos EUA. Collins passou 12 anos à frente da instituição e refletiu sobre sucessos obtidos, assim como temas em que gostaria de ter feito mais”, relata. “Entre os sucessos, ele elenca as situações em que conseguiu juntar cientistas de múltiplas disciplinas e organizar projetos verdadeiramente ousados e audaciosos, que dificilmente teriam acontecido espontaneamente.”

“Ele menciona explicitamente a iniciativa Brain, lançada em 2013 para avançar em estudos do cérebro com neurotecnologias inovadoras, a iniciativa de medicina de precisão, assim como os esforços para desenvolvimento de vacinas contra a covid-19 em tempo recorde”, conta Nussenzveig. “Entre os projetos inacabados, ele cita os esforços para aumentar a diversidade nos NIH. Apesar de achar que houve grandes avanços, ele diz que pessoas de cor ainda estão sub-representadas. Ele chama atenção que a organização está desperdiçando talento, que ela perde em produtividade que sabemos vir da diversidade”.

“Sua maior preocupação está na crescente politização da ciência. Se um resultado científico desagrada uma determinada perspectiva política, uma ala ideológica, então a ciência é atacada. Ao comentar o papel dos NIH para combater a desinformação, ele afirma que gostaria de ter mais elementos de pesquisas em ciências sociais de comportamento para nos guiar”, aponta. “Vivemos tempos em que, através da extrema capacidade de comunicação que adquirimos, tornou-se cada vez mais difícil para as pessoas distinguirem entre fatos e opiniões, ou mesmo mentiras. Acredito que a pandemia de desinformação seja um dos grandes desafios a enfrentar no futuro próximo.”

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