Pesquisa da USP com a Universidade Federal do Acre analisa doenças amazônicas

Malária, a leishmaniose tegumentar americana e dengue têm grande prevalência na Região Norte, especialmente no estado do Acre

 04/10/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 05/10/2016 as 16:13
Foto: USAID via Wikimedia Commons

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Na última semana, a Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP sediou a defesa da tese Análise temporal, espacial e espaço/temporal da ocorrência da dengue, leishmaniose tegumentar americana e malária no estado do Acre”, de autoria do médico veterinário Leonardo Augusto Kohara Melchior. Ele é o primeiro formando da Turma Especial do Doutorado Interinstitucional – Dinter USP/Universidade Federal do Acre do Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública, com o apoio da Secretaria de Estado da Saúde do Acre (Sesacre). A tese teve orientação do professor Francisco Chiaravalloti Neto, da FSP, e co-orientação do  professor Antônio Carlos Fonseca Pontes, da UFAC.

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Leishmania em uma célula da medula óssea – Imagem: CDC/Dr. L.L. Moore, Jr via Wikimedia Commons

Entre as inúmeras doenças infecciosas que ocorrem na Região Amazônica, a pesquisa destaca a malária, a leishmaniose tegumentar americana (LTA) e a dengue. Todas estas doenças têm em comum o fato de apresentarem elevadas incidências no estado do Acre, além de serem transmitidas por vetores. O estudo avalia a ocorrência destes três agravos no estado utilizando uma abordagem no tempo, espaço e espaço-tempo no período entre 2000 e 2015.

A partir de um delineamento ecológico foram avaliados os dados da Sesacre, sendo identificados aglomerados de alto e baixo risco no espaço e no espaçotempo destas doenças. Foram verificadas ainda as tendências temporais, se crescentes, estacionárias ou decrescentes. Variáveis como faixa etária, sexo, situação domiciliar e desfecho da doença foram consideradas.

Malaria - Foto: Ute Frevert via Wikimedia Commons
Parasita da malária atravessa o citoplasma de uma célula epitelial do mosquito – Foto: Ute Frevert via Wikimedia Commons

Os resultados mostraram que estas doenças ocorreram de forma heterogênea no espaço, e além disto, apresentam padrões de transmissões distintos entre as microrregiões. Um exemplo, foi a transmissão da LTA, que na região de maior incidência ocorreu no intra/peridomicílio. Diferentemente, a transmissão da LTA nas outras microrregiões do estado ocorreu sobretudo quando o homem, na idade produtiva, adentrou nas florestas para atividades laborais ou recreativas se expondo ao vetor e assim sendo contaminado pelo protozoário Leishmania sp. Observou-se ainda que, tanto a malária quanto à dengue também foram influenciadas por fatores regionais, sendo mais incidente em determinados locais, períodos e grupos.

Uma microfotografia MET mostrando vírions do vírus da dengue (aglomerado de pontos escuros próximo ao centro) - Imagem: CDC via Wikimedia Commons
Microfotografia mostrando vírions do vírus da dengue – Imagem: CDC via Wikimedia Commons

Com base nos resultados da pesquisa, Melchior, “concluiu que estratégias de controle devem ser sempre adotadas buscando o melhor modelo para cada área”. Ressaltou-se também nas conclusões da tese, que a importância na análise da variável espaço e tempo como alternativa metodológica para auxiliar no planejamento, monitoramento e avaliação das ações em saúde”.

Leonardo Melchior é bacharel em Medicina Veterinária (UFMS), Mestre em Desenvolvimento Regional (UFAC) e agora Doutor em Saúde Pública (FSP). Atualmente é professor de histologia da Universidade Federal do Acre (UFAC). Realiza pesquisas com análise de dados quantitativos, análise de dados espaciais e espaçotemporais e epidemiologia.

Da Assessoria de Imprensa da FSP

Mais informações: email lmelchior@gmail.com


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