Escassez de chuvas nas regiões Sul e Sudeste do Brasil leva a alerta de emergência hídrica

A medida também foi seguida pelo aumento do uso das usinas termoelétricas, na tentativa de evitar a falta de abastecimento elétrico em certas regiões do País

 04/06/2021 - Publicado há 3 anos
A situação de abastecimento já é considerada crítica e pode piorar ao longo de 2022 – Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil
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Devido à escassez hídrica nos reservatórios de usinas hidrelétricas, o governo federal publicou um alerta de emergência para o período de junho a setembro nos Estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná. A Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA) acatou ao pedido para declarar emergência hídrica na bacia do Paraná e essa medida permite a limitação dos volumes de captação das águas nos rios da bacia em caso de necessidade em decorrência da escassez de água em diversos reservatórios. 

“Não faltaram alertas”, disse, em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição, Pedro Luiz Côrtes, professor da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do programa de pós-graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE). “Nós tivemos a sobreposição de dois sistemas meteorológicos, tivemos uma estiagem muito severa no Sul do Brasil, que foi provocada pelo La Ninã, que começou no segundo semestre do ano passado e se prolongou até o final do começo de maio deste ano”, afirmando também que essa situação fez com que houvesse uma redução significativa das chuvas no Estados do Sul, o que acabou atingindo São Paulo e a região metropolitana, que teve um verão muito seco.

“Além disso, um segundo sistema meteorológico que tem afetado bastante a Bacia do Paraná é uma falta de chuvas na região central que afeta Goiás e Minas Gerais, onde importantes usinas hidrelétricas estão com nível muito mais baixo do que seria esperado para a época do ano”, explica Côrtes. No entanto, segundo o professor, esse é um sistema que vem enfrentando dificuldades há vários anos, elas vem enfrentando uma redução do seu nível médio em decorrência da redução das chuvas que vêm pelos rios voadores da Amazônia, consequência do desmatamento.

Para o professor, “essas duas situações se somaram e fizeram com que ocorresse uma redução significativa do nível de importantes usinas hidrelétricas, não só na região central do Brasil, mas também na bacia do Paraná, fazendo com que o uso das termoelétricas passasse a ser mais intensivo”. Ele diz que estamos “dolarizando” a tarifa de energia elétrica, já que grande parte dessas usinas utiliza gás e óleo combustível, que são cotados internacionalmente, “então eles sofrem com a cotação internacional e do dólar”. 

A problemática do abastecimento das hidrelétricas gera uma situação de possível falta de recursos elétricos para atender à demanda energética de certas áreas do País: “Se nós não estivéssemos enfrentando uma pandemia, já seria provável a falta de energia em algumas áreas, haveria dificuldade em atender à demanda, principalmente com essa projeção de crescimento do PIB em torno de 4%, nós temos aí uma tarifa que vai impactar comércio, indústrias, residências.

Ele completa, afirmando que temos um sistema que está muito carente de água, “então não se descarta, na minha visão, a possibilidade de racionamento para a região metropolitana de São Paulo, então a situação de abastecimento já é considerada crítica e nós podemos ter problemas de abastecimento em 2022”. Em relação à região central, Côrtes acredita que, durante o verão, possa haver uma recomposição das usinas hidrelétricas e que não há ponto de reverter dificuldades no período de estiagem de 2022, ou seja, “o cenário não é positivo”.


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