Distribuição orçamentária paulistana reproduz desigualdades, afirma especialista

Para Úrsula Dias Peres, maior parte do investimento é centralizado em setores já desenvolvidos

 09/12/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 04/07/2024 as 10:04
Desigualdade Social – Foto: kristi611 – Pixabay
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O programa Ambiente É o Meio desta semana conversa com a professora Úrsula Dias Peres, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP. Especialista em gestão de políticas públicas, Úrsula fala sobre o orçamento e o planejamento urbano da cidade de São Paulo. 

A professora elenca alguns dos problemas enfrentados pela metrópole, como a desigualdade social, a mobilidade urbana e a questão ambiental. Diz que muitos deles são causados por uma adversidade enfrentada pela cidade: a má administração pública. Afirma que, diante do orçamento de São Paulo, é contraditório pensar na “enorme dificuldade” que a região tem para “dar conta dos investimentos prioritários que a cidade precisa em infraestrutura urbana”. 

Úrsula conta que a cidade tem arrecadação de 60 bilhões, mas diz que “esse valor, dado às nossas regras e nossas necessidades, é absolutamente insuficiente para dar conta de todos os problemas”. O orçamento, segundo a professora, é distribuído de forma a reproduzir os problemas, pois “acaba privilegiando os espaços de equipamentos já constituídos, com dificuldade de aumentar investimentos nos lugares onde mais se necessita”.

A destinação da maior parte dos recursos para poucas áreas específicas, conta a professora, traz dificuldades para a participação da sociedade no debate orçamentário. Conta que atualmente existe uma “discussão participativa muito forte, setorialmente falando”, mas que desta forma “dificilmente será criada uma arena ampla e coletiva”. Afirma que, com o tempo, o investimento para o debate participativo foi diminuindo. Assim, é como se passasse “para a população o poder de decidir o que não fazer e isso é muito ruim e complicado”. 

Para Úrsula, o investimento da cidade “não pode seguir tão centralizado”. Afirma que é preciso abrir o orçamento de forma a ser pensado a partir das 32 Subprefeituras de São Paulo para, então, levar a informação orçamentária aos bairros e assim “conseguir pensar uma nova forma de discutir com as pessoas como esse orçamento está sendo colocado no território”. 

Ouça no player acima o programa Ambiente É o Meio na íntegra. 


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