Escola de Arte Dramática da USP é tema de podcast do Sesc

Episódio faz parte de série de podcasts que abordará a história de oito centros de formação teatral

 16/11/2020 - Publicado há 3 anos
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Foto: Divulgação/Sesc

A primeira localização da Escola de Arte Dramática (EAD) foi no segundo andar do prédio do Teatro Brasileiro de Comédia, no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo. Criada em 1948, a EAD foi um marco importante para a atualização cultural do teatro e, atualmente, faz parte do complexo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, como curso técnico. O primeiro episódio de Aproximações Pedagógicas: A Formação do Ator, série de podcasts realizada pelo Sesc São Paulo, conta a história da escola e explica sua relevância para a evolução do teatro brasileiro.

O episódio começa como uma peça de teatro: o silêncio do ambiente, a agitação do público e os três sinais que avisam que a jornada está prestes a começar. A apresentadora e roteirista Mariana Delfini entrevista José Fernando de Azevedo, diretor da EAD e professor de História do Teatro Brasileiro, passando pelo contexto de fundação da instituição. Azevedo conta que, até meados do século passado, a atuação não era vista como algo que exigisse formação completa, aprendia-se apenas observando e imitando os mestres. Em 1943, o grupo Os Comediantes encena Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, no Rio de Janeiro, iniciando a modalidade moderna do teatro brasileiro.

Alfredo Mesquita, fundador da Escola de Arte Dramática (EAD) – Foto: Mário Castello

A EAD foi fundada pelo escritor e teatrólogo Alfredo Mesquita, um dos grandes responsáveis pela renovação teatral no Brasil. Mesquita também criou o Grupo de Teatro Experimental (GTE), que influenciou o surgimento do Teatro Brasileiro de Comédia. A fundação da EAD convergia com o desejo dos paulistas pela vida cultural moderna e com os impactos da criação da USP, na década de 1930. Era preciso entrar em contato com a dramaturgia moderna e formar atores capazes de representar as novas tendências no palco. O trabalho de atuação, explica Azevedo, passou a ser principalmente técnico e deixou de ser apenas uma forma de autoexpressão e exibição de uma personagem.

Hoje, para ingressar na EAD, é necessário passar por um processo seletivo separado do tradicional vestibular da Fuvest. Cada turma conta com 20 alunos, que passam quatro anos estudando e praticando durante o período noturno. 

A entrevistadora também conversa com as professoras Cristiane Paoli Quito, Mônica Montenegro e Tarina Quelho sobre os objetivos e metodologias da EAD. Elas explicam que, como uma vontade na EAD sempre foi de que os profissionais estivessem em diálogo com o que estava acontecendo, as mudanças ao longo do tempo causaram transformações na posição do intérprete em relação aos elementos do teatro – a cena, o corpo, o texto. O trabalho corporal foi bastante intensificado nas décadas de 1970 e 1980, mas a escola ainda mantém sua relação com o texto e com a literatura. Apesar de seguir um pensamento pedagógico, Mônica explica que “EAD não é uma escola que pretende apresentar para o aluno técnicas, abordagens e um conteúdo teórico pré-definidos”.

Quando questionados sobre o tipo de artista que a EAD pretende formar atualmente, os entrevistados respondem que isso varia de acordo com cada momento histórico, mas a premissa é quase sempre a mesma: formar um artista crítico que seja capaz de olhar para o seu tempo e elaborá-lo, analisá-lo artisticamente. O professor Azevedo destaca que o aumento das demandas sociais dentro da Universidade, como as cotas raciais e a maior presença de alunos transexuais, contribui para esse objetivo.

Aproximações Pedagógicas: A Formação do Ator é uma série de oito episódios, que serão lançados até o dia 16 de dezembro. Os três primeiros podcasts já estão disponíveis na plataforma do Sesc Digital e podem ser acessados na página do Sesc. A série é dirigida por Eliane Leme e produzida pela Soupods para o Centro de Pesquisa Teatral (CPT) do Sesc São Paulo.

Podcast aborda curso superior de teatro da USP 

Luiz Fernando Ramos – Foto: Arquivo Sesi PR

O terceiro e mais recente episódio de Aproximações Pedagógicas: A Formação do Ator conta a história do curso superior de teatro da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. O entrevistado da vez é Luiz Fernando Ramos, diretor do Departamento de Artes Cênicas (CAC) da ECA. Ele conta que a ECA, criada em 1966, nasceu como um curso integrado que se bifurcava apenas no terceiro ano. Apenas em 1971 o CAC tornou-se um departamento dentro da escola.

Ramos explica que, até a década de 1970, a formação para atores era exclusivamente técnica de nível médio, o ator parecia ser apenas uma ferramenta, não fazia parte do processo completo. Foi o curso de Cenografia e de Dramaturgia e Crítica da Escola de Artes que se transformou no curso superior da ECA, quando Alfredo Mesquita participou de sua estruturação.

Atualmente, o ingresso no CAC acontece pelo vestibular da Fuvest, e os alunos podem escolher entre a formação de bacharelado, licenciatura ou ambas. O curso passou por uma reestruturação relativamente recente, no ano de 2017.

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