Sintomas desencadeados pelo cansaço visual têm impacto direto na qualidade de vida

Cassia Senger comenta que o isolamento social provocado pela pandemia da covid-19 colocou mais pessoas trabalhando e estudando em casa e que nesse período aumentou a procura por atendimento oftalmológico 

 10/11/2020 - Publicado há 3 anos
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Parte dos desafios é criar um projeto de aplicativo. Foto: Divulgação/Assessoria de Comunicação do ICMC

Passar horas em frente ao computador, celulares e aparelhos eletrônicos faz parte da rotina de muitas pessoas. Por meio deles, é possível trabalhar, estudar e também se divertir. Porém, o uso prolongado dessas ferramentas pode causar a Síndrome Visual Relacionada a Computadores (SVRC), um conjunto de sintomas desencadeados pelo cansaço visual. As vítimas da SVRC têm sensação de areia, ardência, embaçamento e vermelhidão nos olhos, além de dores de cabeça, sonolência, mal-estar, tontura e cansaço de forma geral.

Para agravar o problema, o isolamento social provocado pela pandemia da covid-19 colocou mais pessoas trabalhando e estudando em casa. Assim, vale o alerta da Sociedade Brasileira de Oftalmologia: até 90% das pessoas, que utilizam computador por mais de três horas diárias, apresentam algum sintoma relacionado à SVRC. E foi justamente o que a médica oftalmologista

Cassia Senger – Foto: Arquivo pessoal/USP RP

Cassia Senger, professora do curso de Medicina da USP em Bauru, também notou neste período, um aumento na procura por atendimento oftalmológico devido ao cansaço visual.

Sobre a doença, a médica informa que a SVRC é a manifestação do cansaço após esforço visual com impacto direto na qualidade de vida. E, avisa que, embora fatores como a sensibilidade de cada um e o ambiente seco ou úmido tenham influência no desenvolvimento da síndrome, todos os que permanecem em frente ao computador por longos períodos têm chances de desenvolvê-la.

O contexto atual, com home office, estudos a distância e momentos de diversão on-line favorece a maior incidência da SVRC, o que faz especialistas lembrarem da necessidade de algumas medidas de precaução. Segundo a oftalmologista, deve-se manter a tela do computador a uma distância de 60 a 70 centímetros, realizar intervalos a cada 50 minutos de uso e lembrar de piscar os olhos. Em alguns casos, lembra Cassia, o uso de colírios lubrificantes também pode ser alternativa para reduzir os riscos da síndrome.

Além do aumento de consultas por cansaço visual, os médicos têm recebido mais queixas de indivíduos que já apresentavam algum erro refracional, como a miopia, a hipermetropia, o astigmatismo, o estrabismo e a presbiopia. Cassia conta que essas pessoas têm maiores chances de apresentar sintomas da síndrome e que, para elas, os oftalmologistas são orientados a realizar a correção necessária. E, mesmo as pessoas que não possuem “erro refracional importante, nesta situação agora, estão fazendo uso de óculos para proteger um pouco, amenizar esse trabalho visual, e tem sido bastante útil”, acrescenta a professora.

Mas para quem acha que o uso excessivo de computadores e meios eletrônicos não atinge os mais jovens, a professora informa que todos, e até mesmo as crianças, estão suscetíveis à síndrome. “Seja na hora de estudar, assistindo televisão, ou jogando e brincando, as crianças também estão sujeitas à Síndrome Visual do Computador.”  Cassia diz que as crianças ainda não diagnosticadas com problemas da visão têm chances ainda maiores de desenvolverem esses distúrbios neste período. Por isso, os pais devem ficar atentos aos sintomas como: dores de cabeça e nos olhos, ardência, olhos vermelhos e lacrimejantes, reflexo do piscar, sonolência e irritabilidade nas crianças, pois “são sinais que merecem atenção”.

E as medidas de prevenção, segundo a médica, são o melhor tratamento para os sintomas da síndrome, pois combatem a causa de seu aparecimento. Usar iluminação adequada, ter boas noites de sono, alimentação saudável e prática regular de exercícios físicos são formas de enfrentar a síndrome com “maior cuidado e maior resolubilidade, fazendo com que ela amenize” e não atrapalhe o trabalho e estudos.

A entrevista completa com a professora e médica oftalmologista Cassia Senger pode ser acessada no player acima.


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