Metas do novo marco do saneamento poderiam ser antecipadas

Wagner Costa Ribeiro explica que prazo, previsto inicialmente para 2033, poderia ser reduzido em cerca de seis anos, se houvesse vontade política para alcançar as metas

 12/08/2020 - Publicado há 4 anos
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O novo marco do saneamento reforça compromissos que o Brasil já havia assumido em acordos internacionais, como o cumprimento de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), que inclui a redução dos impactos ambientais no País. Sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, as metas aprovadas preveem 99% de água potável e 90% de esgoto tratado no território brasileiro até dezembro de 2033. 

Mas dado o histórico e a política ambiental controversa criticada por diversos países, como Alemanha e Noruega, há dúvidas se o atual governo se preocupa com os impactos ambientais desse marco. “O marco não tem nenhuma prerrogativa que associa investimento a tratamento de bacias [hidrográficas]. Mas é evidente que se há mais tratamento de esgoto, vai melhorar a qualidade da água no geral”, explica Wagner Costa Ribeiro, docente do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e professor dos Programas de Pós-Graduação em Geografia Humana e Ciência Ambiental da USP.

“O que o novo marco faz, infelizmente, é apostar na privatização do setor e, acompanhando diversos estudos, lamentavelmente o setor privado não tem respondido às demandas sociais”, observa Ribeiro. Outro ponto que o professor aborda é quanto à necessidade de se criar emprego no saneamento básico com incentivos através de políticas públicas, trabalhando com tecnologias já existentes e adaptadas geograficamente. “Sabemos que a região Norte do País, que possui a maior abundância de água, apresenta os piores indicadores de saneamento. É evidente que o tratamento dado lá não é o mesmo de São Paulo ou Rio de Janeiro.”

A geração de empregos no setor melhoraria a qualidade de vida da população brasileira e impulsionaria o alcance das metas até 2033. De acordo com o professor, essa seria, inclusive, uma alternativa para o mundo pós-pandemia que teremos que enfrentar. “A meta para 2033 é demasiadamente longa, podemos antecipar isso em cinco ou seis anos se começássemos hoje. Temos tecnologia e pessoal qualificado para isso, basta ter vontade política e elencar como prioridade”, diz Ribeiro.

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