Rubens Barbosa comenta como o resultado das eleições nos EUA pode afetar o Brasil

O presidente Jair Bolsonaro afirmou que, embora torça pela reeleição de Donald Trump, vai buscar aproximação caso Joe Biden seja o vencedor

 21/07/2020 - Publicado há 4 anos

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Na coluna Diplomacia e Interesse Nacional desta semana, o embaixador Rubens Barbosa comenta sobre o que se espera das eleições presidenciais estadunidenses e como seu resultado pode afetar o Brasil. Ele afirma haver, hoje, uma chance considerável de Joe Biden, candidato do Partido Democrata, vencer as eleições em novembro.

Com sua vitória, haveria mudanças significativas nas políticas econômica, ambiental e externa. “O Partido Democrata no governo deverá implementar uma política com forte viés nacionalista, para poder recuperar o dinamismo na economia e diminuir o desemprego”, diz. As crescentes tensões entre os EUA e a China deverão continuar em um governo democrata, segundo o embaixador, e devem se ampliar nas áreas comerciais, tecnológicas e militares, já que “Pequim é tratada hoje como um adversário pelos EUA”.

Em uma de suas lives semanais, o presidente Jair Bolsonaro confirmou, em relação ao cenário das eleições presidenciais norte-americanas, torcer por Donald Trump, mas que vai tentar aproximação caso Joe Biden seja o vencedor. Barbosa afirma que, nesse contexto, é importante distinguir a relação pessoal entre Trump e Bolsonaro, estabelecida por influência ideológica, da relação institucional entre as burocracias brasileira e norte-americana.

“O alinhamento com os EUA nem sempre é automático nas relações bilaterais, tornou-se automático quando se trata de relação nos organismos multilaterais: na Organização das Nações Unidas (ONU), na Organização Mundial da Saúde (OMS), na Organização Mundial do Comércio (OMC), e votações de resoluções sobre costumes, sobre mulheres, sobre direitos humanos, sobre saúde e sobre Oriente Médio”, afirma o colunista. 

Além disso, a crescente presença da China na América do Sul poderá trazer o conflito geopolítico para a região. “A decisão do governo de Washington de apresentar candidato para a presidência do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), contra um candidato brasileiro, pode ser indício de um renovado interesse político dos EUA para conter a China aqui na região”, aponta.

“O Brasil vai correr o risco de uma eventual retaliação chinesa contra produtos alimentares e minerais que representam 33% da nossa pauta exportadora? Vai ceder à pressão dos EUA ou vai manter-se equidistante defendendo o interesse nacional? Essa é uma decisão que tem de ser tomada ainda este ano pelo governo de Jair Bolsonaro e vai ter uma profunda influência na nossa política externa e na modernização do parque industrial brasileiro”, completa Rubens Barbosa.

Ouça a íntegra da coluna no player.


Diplomacia e Interesse Nacional
A coluna Diplomacia e Interesse Nacional, com o professor Rubens Barbosa, no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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