Livro traz a luta de Fernando de Azevedo pela educação pública

Obra será lançada nesta sexta-feira, dia 3, às 16 horas, no Facebook do Instituto de Estudos Brasileiros da USP

 01/07/2020 - Publicado há 4 anos
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O livro Fernando de Azevedo: Em Releituras – Fotomontagem/Jornal da USP

O professor, educador, sociólogo e escritor Fernando de Azevedo foi uma figura essencial para a formação do sistema educacional brasileiro como é conhecido hoje. Participante de eventos como a formação da USP e a aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Azevedo travou uma longa batalha pela educação pública de qualidade.

Esse perfil do educador é traçado no livro Fernando de Azevedo: Em Releituras, que terá lançamento on-line nesta sexta-feira, dia 3, a partir das 16 horas, na página do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP no Facebook. Publicado pela Paco Editorial, o livro é assinado pelos professores José Cláudio Sooma da Silva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Rachel Duarte Abdala, da Universidade de Taubaté (Unitau) e Diana Vidal, docente da Faculdade de Educação da USP e diretora do IEB. Com 292 páginas, a obra é resultado de uma longa pesquisa sobre a influência de Fernando de Azevedo ao longo da história da educação no Brasil.

“No começo da minha carreira, antes mesmo de entrar na USP, participei de um trabalho de organização do arquivo do Fernando de Azevedo com o José Cláudio e com a Rachel”, conta a professora Diana, sobre a organização original do Acervo Fernando de Azevedo, iniciado no ano de 1996. Ela explica que, 20 anos depois, foi convidada por Sooma para supervisionar seu pós-doutorado, que consistia em uma atualização da coleção. “Daí veio a ideia do livro.” Com mais de 16 mil documentos, o acervo de Fernando de Azevedo foi doado ao IEB, ainda em vida, pelo educador.

Fernando de Azevedo: Em Releituras dá atenção aos dois lados de Fernando de Azevedo, como político e como educador, em três partes. A primeira parte, de autoria de Diana, constrói a trajetória do educador a partir da reforma da instrução primária e da formação de professores no Distrito Federal – na época, o Rio de Janeiro -, em 1927, que deu início a um processo de defesa da chamada “escola nova”.

A partir daí, Azevedo teria participação essencial em diversos eventos marcantes, como a elaboração do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, em 1932, dois anos após a fundação do Ministério da Educação. O documento voltava a defender a “escola nova”, com conceitos como a escola única, que propunha uma escola universal e igual para todas as crianças brasileiras. Ou seja, todas as crianças deveriam estar na escola e receber os mesmos conhecimentos, independente de camadas sociais. Esse documento reuniu a chamada “nova intelectualidade”, grupo que, dois anos depois, em 1934, participou da criação da Universidade de São Paulo.

Quase três décadas depois, Azevedo travaria uma nova batalha, que resultaria no longo processo de aprovação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Em 1959, o educador liderou a elaboração do documento Mais Uma Vez Convocados, no qual evoca o manifesto de 1932 e advoga novamente pela educação pública e pelo lugar no Estado na educação nacional. Isso levaria à aprovação, depois de 13 anos em trâmite, da primeira LDB, em 1961, que duraria por dez anos, até ser alterada no governo militar.

A segunda parte da obra é a reprodução do próprio trabalho que daria origem à ideia do livro. Nela está contido o relatório do pós-doutorado de José Cláudio Sooma da Silva, intitulado O Acervo Fernando de Azevedo: Sobre Indícios, Consultas e Possibilidades. A proposta foi atualizar o que já havia coletado no trabalho original, publicado em 2000, fazendo uma nova pesquisa e varredura sobre obras de e sobre Azevedo. Essa segunda parte reúne um catálogo de todo o material acadêmico, dissertações, teses, artigos e livros produzidos sobre o autor, assim como sua própria produção e pesquisa. Anexo a esse catálogo está um comentário de Sooma, que aborda seu método de pesquisa, assim como os resultados.

A terceira parte tem autoria de Rachel Abdalla e reproduz o catálogo da exposição Em Defesa da Educação Pública: Fernando de Azevedo no IEB (1927-1968), apresentada no IEB em 2019. Ela retoma a trajetória de Azevedo por meio de fotografias, recortes de jornais e peças de seu acervo, que conta com suas obras, documentos e cartas. Acompanhando o índice da exposição, um comentário dos organizadores contextualiza as peças exibidas, assim como imagens da mostra.

O lançamento do livro Fernando de Azevedo: Em Releituras, de José Cláudio Sooma da Silva, Diana Vidal e Rachel Duarte Abdala, será lançado nesta sexta-feira, dia 3, a partir das 16 horas, na página do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da USP no Facebook.


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