Momento Tecnologia #24: Medicamentos desenvolvidos na USP são comercializados mundialmente

Neste podcast, falamos sobre o Captopril, utilizado no tratamento da pressão alta, e o Vonau Flash, utilizado para mitigar os efeitos de náuseas e vômitos causados por quimioterapia e radioterapia, medicamentos que foram produzidos através da cooperação entre a Universidade com a indústria farmacêutica

 07/04/2020 - Publicado há 4 anos
Momento Tecnologia - USP
Momento Tecnologia - USP
Momento Tecnologia #24: Medicamentos desenvolvidos na USP são comercializados mundialmente
/

Captopril e Vonau Flash são medicamentos comercializados mundialmente e têm suas origens na Universidade de São Paulo. O primeiro é produto de um estudo sobre o veneno da jararaca, animal nativo da Amazônia, e auxilia no desenvolvimento de toda uma família de remédios utilizados no tratamento da hipertensão. Já o segundo medicamento possibilita o tratamento de náuseas e vômitos sem necessidade de água para ingeri-lo.

Para tratar a hipertensão arterial — que atinge cerca de um bilhão de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde —, os pesquisadores Rocha e Silva deram início, em 1949, a uma série de estudos que tiveram início no veneno da jararaca. A partir dos sintomas causados pela picada (vômitos, sudorese, hipotermia e hipotensão arterial), os pesquisadores descobriram que o veneno, quando incubado com plasma —  um gás ionizado —, gera um novo fator hipotensor que causava a vasodilatação: a substância bradicinina. Mais tarde, em 1970, estudando tais mecanismos fisiológicos, o farmacologista Sérgio Henrique Ferreira, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, descobriria o iECA, um inibidor da enzima conversora da angiotensina I, o princípio ativo do remédio Captopril.

“O veneno tinha, além da substância que produz a bradicinina, uma que provocava o metabolismo da bradicinina. Ele [Sérgio] falou: bom, se eu administrar essa substância para um animal,  eu vou ter redução da produção de angiotensina II e aumento da ação da bradicinina, e isso aconteceu. Ou seja, está ali no veneno uma substância que pode ser utilizada para a produção de um anti-hipertensivo”, conta o professor Fernando de Queiroz Cunha, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, sobre o desenvolvimento do medicamento.

Além da pressão alta, a USP também ajudou a mitigar os efeitos de náuseas e vômitos provocados, principalmente, por quimioterapia e radioterapia. Para combater tais sintomas, o Vonau Flash foi criado: ele tem como diferencial a capacidade de dissolução oral entre 15 e 20 segundos, com efeito rápido no organismo. 

Quem viveu na pele sabe: lidar com esses efeitos colaterais é difícil. Para contar um pouquinho sobre essa experiência, Gustavo Rocha, estudante de Física na Unesp, que passou recentemente por um tratamento de câncer, fala: “Os efeitos colaterais mais comuns na quimioterapia são enjoo, fraqueza, um gosto ruim na boca. Eu costumava sentir muita náusea após as sessões, e usava o Vonau e o Dramin para combater esses sintomas”.

Sobre o desenvolvimento do fármaco, o professor do Departamento de Farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP, Humberto Gomes Ferraz, comenta: “O Vonau é um produto que tem como princípio ativo o ondansetrona, que não é uma molécula nova, ela já existia para tratar náuseas e vômitos, e o que nós fizemos no nosso trabalho foi simplesmente criar uma formulação que ajuda bastante o paciente, porque o paciente não precisa de água para poder ingerir esse comprimido”.

Para que esses medicamentos possam ocupar as prateleiras do mundo todo, é necessária a cooperação de universidade e indústria farmacêutica, como conta Vânia Passarini, docente da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, neste Momento Tecnologia. Para conhecer um pouco mais do caminho trilhado por esses fármacos, do desenvolvimento à comercialização, ouça o podcast na íntegra com reportagem de Gabrielle Abreu.


Momento Tecnologia
Produção: Julia Estanislau, Guilherme Castro Sousa, Alessandra Ueno
Edição de som:  Bruno Torres
Produção geral:  Cinderela Caldeira
E-mail: ouvinte@usp.br
Horário: Quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35

O Momento Tecnologia vai ao ar na Rádio USP, quinzenalmente, terças-feiras, às 8h35 – São Paulo 93,7 MHz e Ribeirão Preto 107,9 MHz e também nos principais agregadores de podcast  Veja todos os episódios do Momento Tecnologia

 

 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.