Dissonância cognitiva pode causar engano e sabotagem mental

Elaine Di Sarno diz que a busca pela coerência de informações está relacionada ao processo de aquisição do conhecimento

 11/03/2020 - Publicado há 4 anos     Atualizado: 12/03/2020 as 11:35
Logo da Rádio USP

O mundo está cada vez mais informatizado e a mente humana acompanha e guarda cada novidade que chega. Cada pessoa carrega informações, emoções e valores, funcionando de maneira coerente e harmônica, atrelada à percepção da realidade vivida. Porém, com o surgimento cada vez maior de novas informações, nosso cérebro pode rejeitar ou eliminar quando não consegue processar o que chegou, para que se recupere a coerência de informações já guardadas. Algumas vezes, isso pode levar a uma visão enviesada da realidade.

“[A dissonância cognitiva] está relacionada ao processo de aquisição do conhecimento, que são as nossas cognições. Ela envolve fatores diversos como pensamento, linguagem, percepção, memória e raciocínio, fazendo parte da nossa realidade, usada para prever a sensação de desconforto de crenças contraditórias”, explica Elaine Di Sarno, psicóloga com especialização em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e Terapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.

Elaine fala que, muitas vezes, podemos pensar em fazer uma atividade e acabar realizando outra totalmente diferente, sem perceber. Na iminência de uma sensação de desconforto, duas ideias contraditórias, uma acaba sendo minimizada e então tomamos uma atitude que nem sempre é a melhor. “Quando não vamos na academia, ficamos com um sentimento de culpa, pois deveríamos ter ido. Então, comemos um chocolate, sabotando o objetivo [de ir na academia]”, exemplifica. Ela ressalta ainda a importância de evitar o autoengano e a autossabotagem.

“Muitas vezes a nova informação requer uma assimilação significativa, que causa insegurança e desconforto, trazendo ansiedade e estresse. O primeiro passo para lidar [com isso] é o distanciamento emocional, tentar separar a emoção e a razão”, recomenda a psicóloga. “Você precisa buscar se a nova informação é real ou se envolve algo por trás. Por isso, o uso da razão: parar e pensar para agir.”

Ouça a entrevista completa no player acima.


Jornal da USP no Ar 
Jornal da USP no Ar é uma parceria da Rádio USP com a Escola Politécnica e o Instituto de Estudos Avançados. No ar, pela Rede USP de Rádio, de segunda a sexta-feira: 1ª edição das 7h30 às 9h, com apresentação de Roxane Ré, e demais edições às 14h, 15h e às 16h45. Em Ribeirão Preto, a edição regional vai ao ar das 12 às 12h30, com apresentação de Mel Vieira e Ferraz Junior. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93.7, em Ribeirão Preto FM 107.9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo do Jornal da USP no celular. 


Política de uso 
A reprodução de matérias e fotografias é livre mediante a citação do Jornal da USP e do autor. No caso dos arquivos de áudio, deverão constar dos créditos a Rádio USP e, em sendo explicitados, os autores. Para uso de arquivos de vídeo, esses créditos deverão mencionar a TV USP e, caso estejam explicitados, os autores. Fotos devem ser creditadas como USP Imagens e o nome do fotógrafo.