O mundo está cada vez mais informatizado e a mente humana acompanha e guarda cada novidade que chega. Cada pessoa carrega informações, emoções e valores, funcionando de maneira coerente e harmônica, atrelada à percepção da realidade vivida. Porém, com o surgimento cada vez maior de novas informações, nosso cérebro pode rejeitar ou eliminar quando não consegue processar o que chegou, para que se recupere a coerência de informações já guardadas. Algumas vezes, isso pode levar a uma visão enviesada da realidade.
“[A dissonância cognitiva] está relacionada ao processo de aquisição do conhecimento, que são as nossas cognições. Ela envolve fatores diversos como pensamento, linguagem, percepção, memória e raciocínio, fazendo parte da nossa realidade, usada para prever a sensação de desconforto de crenças contraditórias”, explica Elaine Di Sarno, psicóloga com especialização em Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e Terapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, em entrevista ao Jornal da USP no Ar.
Elaine fala que, muitas vezes, podemos pensar em fazer uma atividade e acabar realizando outra totalmente diferente, sem perceber. Na iminência de uma sensação de desconforto, duas ideias contraditórias, uma acaba sendo minimizada e então tomamos uma atitude que nem sempre é a melhor. “Quando não vamos na academia, ficamos com um sentimento de culpa, pois deveríamos ter ido. Então, comemos um chocolate, sabotando o objetivo [de ir na academia]”, exemplifica. Ela ressalta ainda a importância de evitar o autoengano e a autossabotagem.
“Muitas vezes a nova informação requer uma assimilação significativa, que causa insegurança e desconforto, trazendo ansiedade e estresse. O primeiro passo para lidar [com isso] é o distanciamento emocional, tentar separar a emoção e a razão”, recomenda a psicóloga. “Você precisa buscar se a nova informação é real ou se envolve algo por trás. Por isso, o uso da razão: parar e pensar para agir.”
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