Design inteligente não é ciência e não deve ser ensinado nas escolas

Hipótese de criador “inteligente” da vida não se presta a testes experimentais, portanto, não pode ser considerada científica

 12/02/2020 - Publicado há 4 anos
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Na volta da coluna Ciência e Cientistas, o físico Paulo Nussenzveig demonstra que a teoria do design inteligente não é científica e, por essa razão, não deve ser ensinada nas escolas. “Quero abordar hoje a falsa disputa entre design inteligente e as explicações da ciência biológica baseada na teoria da evolução”, afirma. “Essa discussão apareceu na imprensa neste ano por causa da nomeação para a presidência da Capes de uma pessoa que afirmou que design inteligente deveria ser ensinado em aulas de ciências nas escolas, como alternativa à teoria da evolução.”

O físico aponta que o principal argumento em defesa do design inteligente é que a complexidade dos seres vivos e de seus órgãos não poderia surgir do acaso, hipótese apresentada como complexidade irredutível: sem um “projetista” inteligente essas estruturas não poderiam existir. “A hipótese de que um criador ‘inteligente’ é responsável pelo surgimento da vida (e do próprio Universo) não se presta a testes experimentais”, ressalta. “Portanto, não pode ser considerada científica.”

De acordo com Nussenzveig, as sociedades contemporâneas dependem cada vez mais de ciência e tecnologia para se desenvolverem econômica e socialmente. “Uma boa compreensão, por parte da população, do conhecimento adquirido com o uso dos métodos da ciência é cada vez mais importante, exigindo esforços para fornecer boa educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática”, destaca. “Conforme afirmado em livro publicado pela Academia de Ciências dos EUA em 2008, ‘a educação científica não pode ser prejudicada pela inclusão de material não científico. Ensinar idéias criacionistas em aulas de ciências confunde os alunos sobre aquilo que é ciência e aquilo que não é’.”

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Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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