Recentemente, o jornal O Estado de S. Paulo expôs como organizações criminosas vêm sistematicamente atuando através de invasões e loteando áreas protegidas por leis ambientais na cidade de São Paulo.
Os principais locais afetados se encontram nos mananciais das represas de Guarapiranga e Billings. O Ambiente é Nosso Meio desta semana, com Pedro Luiz Côrtes, do Programa de Pós-Graduação em Ciência Ambiental do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, explica os maiores perigos da ocupação desenfreada dessas áreas.
Cortês pontua que as invasões não são novidade e vêm sendo praticadas há muito tempo, muitas vezes estimuladas por políticos. O grande problema é a ausência de infraestrutura de saneamento nesse locais, como fornecimento de água e coleta de esgoto, por exemplo. Os dois mananciais em questão no momento são utilizados para o abastecimento na região metropolitana de São Paulo. A ocupação humana faz com que o aporte de resíduos e esgoto doméstico aumente; dessa forma, a matéria orgânica na água interfere em sua qualidade.
“Quem mora na região Sul paulistana sabe que a água fica com sabor, principalmente no verão, quando ocorre uma grande proliferação de algas na represa de Guarapiranga. Não é uma água imprópria para consumo humano, mas, muitas vezes, você tem um sabor desagradável que não consegue ser eliminado no processo de tratamento que a Sabesp vem utilizando.”
Outro perigo da ocupação dessas áreas é a diminuição da mata que circunda as represas. Na medida em que a mata ciliar é suprimida, ela deixa de cumprir seu papel de manutenção da qualidade ambiental dos reservatórios. Além disso, ela não consegue evitar que – em momentos de chuva intensa – o solo seja carreado diretamente para dentro da represa, causando o assoreamento.
Se, ao longo de décadas, já se notava a atuação comandada por políticos e candidatos mal-intencionados na região, agora há a participação do crime organizado também. Isso se verifica mais claramente nas milícias do Rio de Janeiro devido à proximidade entre as ocupações e o centro da cidade. Como as áreas periféricas de São Paulo estão mais distanciadas das grandes aglomerações, cria-se a ilusão da questão não existir. É uma situação significativamente problemática e que coloca ainda mais em risco a frágil situação ambiental brasileira no que se refere a reservatórios de água.
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