O centenário da observação de um eclipse solar que forneceu uma importante confirmação para a teoria da Relatividade Geral, formulada por Albert Einstein (1879-1955), é o tema da coluna do físico Paulo Nussenzveig. “O evento se revestiu de significado ainda maior para nós porque as observações decisivas foram realizadas no Brasil, na cidade cearense de Sobral”, destaca. “Hoje, quero falar um pouco desse processo de confirmação de uma teoria científica, especialmente em casos em que a nova teoria substitui outra, considerada bem-sucedida.”
Nussenzveig relata que, em 1905, Einstein publicou uma série de trabalhos em que apresentou mudanças conceituais à compreensão do mundo físico. “A teoria da relatividade começou a tomar corpo, explorando as últimas consequências de uma ideia conhecida desde os tempos de Galileu: movimentos são relativos, não há observadores privilegiados no universo. As leis da física devem ser as mesmas para todos os observadores, independentemente de seu estado de movimento”, afirma. “Com esses princípios, Einstein afirmou que a velocidade da luz no vácuo é a mesma para todos os observadores, mesmo que eles e/ou as fontes de luz estejam em movimento. Essas ideias nos obrigaram a rever nossas noções de espaço e de tempo, que deixaram de ser grandezas absolutas.”
Segundo o físico, Einstein levou mais dez anos, até 1915, para incorporar a gravitação de modo satisfatório na nova teoria, que ficou conhecida como teoria da Relatividade Geral. “Mas como poderíamos saber que a nova teoria deveria substituir nosso conhecimento anterior? Ela precisava ser testada”, afirma. “Em 1916, após finalizar a formulação da relatividade geral, Einstein percebeu que a curvatura do espaço-tempo devida à presença do Sol levava a um desvio que era o dobro do previsto pela teoria de Newton. A diferença poderia ser testada observando a posição aparente de estrelas próximas ao Sol: num eclipse, a luz do Sol não atrapalharia a observação.”
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Ciência e Cientistas
A coluna Ciência e Cientistas, com o professor Paulo Nussenzveig, no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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