Avanço na pesquisa sobre o câncer é tema do “Diálogos na USP”

Participam desta edição os professores e pesquisadores – especialistas no tema – Luisa Villa e Eduardo Rego

 22/02/2019 - Publicado há 6 anos     Atualizado: 25/03/2019 às 15:27
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Até o final deste ano, 18 milhões de pessoas ao redor do mundo terão algum tipo de câncer. Entre os diagnosticados com a doença, mais da metade – 9,8 milhões – não conseguirá sobreviver. Isso é o que estima um relatório da Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer da Organização Mundial da Saúde, divulgado no ano passado.

Fatores sociais, econômicos e até o envelhecimento populacional estão relacionados com o aumento do número de casos. Mas questões ambientais como a poluição excessiva e a alimentação têm afetado cada vez mais jovens.

No entanto, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, houve uma queda nos casos de câncer de pulmão e colo do útero. Isso mostraria como as estratégias preventivas são eficazes. Além disso,  há hoje cerca de 1.200 produtos diferentes sendo testados no mundo para o tratamento da doença.

Mesmo assim, no Brasil, a previsão é que neste ano exames identifiquem 559 mil incidências da patologia, que deve fazer mais de 240 mil vítimas.

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Luisa Villa e Eduardo Rego, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no programa Diálogos na USP – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

 

Luisa Villa – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

 

Eduardo Rego – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Professor titular da Faculdade de Medicina da USP e coordenador do Serviço de Leucemias Agudas do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), Eduardo Rego começou lembrando que o câncer já é a segunda causa de morte no Brasil, depois das doenças cardiovasculares, e que a prevalência da doença deve aumentar muito nos próximos anos, especialmente em razão do envelhecimento da população. Por isso, o desenvolvimento de pesquisas na área é o grande desafio. “Nós caminhamos muito e conseguimos aprender um pouco mais”, garante o médico, afirmando que foi um processo que passou pelo conhecimento da morfologia, causas da doença, genética e, mais recentemente, sobre o papel do ambiente (organismo) e sobre a imunidade. A partir desse conhecimento, avançou-se muito no tratamento de alguns tipos de cânceres, como a leucemia linfoide aguda, o câncer mais comum na infância, com índices de cura acima dos 80%. Em outros casos, como o câncer de pâncreas, ainda é preciso avançar mais. “Mas tivemos um grande progresso na questão da pesquisa e o Brasil tem dado sua contribuição nessa área”. O médico vê o cenário como positivo.

Já a professora Luisa Villa (Departamento de Radiologia e Oncologia da Faculdade de Medicina da USP e chefe do Laboratório de Biologia Molecular do Centro de Investigação Translacional em Oncologia do ICesp) acrescentou que o que ajudou a conhecer a doença com mais profundidade foi o trabalho multidisciplinar que vem sendo realizado pelos pesquisadores nas últimas décadas. No processo de compreender a doença do ponto de vista do diagnóstico clínico ou por imagem, a médica explica que surgiram várias questões sobre a gênese do tumor, sobre o comportamento da célula tumoral, entre outras. “Nesse caminho, nesse processo, participaram e participam inúmeros profissionais. Biólogos, farmacêuticos, dão muita contribuição no sentido de conhecer a doença complexa que é, e que não poderia ser vista sob o ponto de vista de um único profissional”, argumenta Luisa. “E essa pesquisa nas diferentes áreas tem trazido muitos avanços”, assegura. A professora considera que entre eles um dos mais importantes é o conhecimento das causas da doença, que tem facilitado o processo de prevenção de alguns tipos de câncer, como o do colo do útero.

A prevenção é fundamental, já que muitos medicamentos para o tratamento do câncer têm um custo elevado. “A questão do acesso à medicação contra o câncer é um dos principais dilemas que existem hoje no Brasil e em outros países do mundo. Não é exclusivo nosso, porque muitas dessas medicações são extremamente caras. Nós estamos falando numa incidência cada vez maior da doença. Isso implica numa conta cada vez maior”, avalia  Rego, que considera importante encontrar fórmulas para tornar a medicação mais acessível para a população.

Luisa Villa destaca o papel da pesquisa científica na busca de novos medicamentos com custos mais baixos. “À medida em que se encontram alternativas mais baratas ou possibilidades de tratamentos referentes, se permite ampliar o acesso da população”, diz a médica, acrescentando que esse é um problema que vem sendo estudado no mundo inteiro. Mas a professora faz questão de apontar que diferentes tumores têm diferentes tratamentos e que alguns não exigem tratamentos tão sofisticados. O importante, segundo Luisa, é não deixar de procurar ajuda, “porque muitas vezes nós temos soluções muito importantes para certos tumores e para manter a qualidade de vida dos indivíduos”.

O Diálogos na USP tem apresentação de Marcello Rollemberg, com produção da equipe de Editoria de Atualidades do Jornal da USP e Rádio USP e trabalhos técnicos TV USP.

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