Decisão brasileira neste Mundial de Surfe – 2018

Tiago Brant é jornalista, mestrando da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) e membro do Grupo de Estudos Olímpicos (GEO-USP)

 10/12/2018 - Publicado há 5 anos
Tiago Brant – Foto: Arquivo pessoal

 

Já comentamos anteriormente a temporada incrível que vem sendo feita pelo esquadrão brasileiro no circuito mundial de surfe da divisão de elite (WCT), mas nem chegamos a mencionar a temporada igualmente incrível que vinha sendo realizada pelo time brasileiro na divisão de acesso (WQS), que classifica surfistas de todo o planeta para a divisão de elite do ano seguinte.

Para quem está chegando agora, explico os rankings da World Surf League (WSL), entidade máxima do esporte profissional no mundo.

O primeiro ranking é o da elite do esporte, Men’s Championship Tour (WCT), que coroa o campeão mundial masculino a cada temporada. Com 32 surfistas integrantes, mais dois convidados por etapa, 34 surfistas ao todo por etapa. Por esse ranking, apenas os 22 melhores surfistas ao final de cada ano permanecem na elite para o ano seguinte. O segundo ranking é o Men’s Qualifying Series (WQS), aberto a todos os surfistas profissionais do globo para, justamente, buscar a qualificação para o WCT. Apenas os dez primeiros colocados nesse ranking se classificam para o WCT do ano seguinte. Claro que os dois rankings também existem para mulheres, mas numa configuração menor. Na divisão de elite feminina (WCT) são apenas 16 integrantes e duas convidadas por etapa. Ao final do ano, apenas as dez primeiras do ranking permanecem, enquanto seis meninas sobem pela divisão de acesso (WQS).

O circuito WQS acaba de terminar com a World Cup of Surfing em Sunset, no Havaí, e mais quatro brasileiros se classificaram para disputar o WCT em 2019. Dois são estreantes, David Silva, do Guarujá/SP, e Peterson Crisanto, de Matinhos/PR. Os outros dois já frequentaram a divisão de elite do surfe mundial em anos passados: Jadson André, de Natal/RN, que ficou apenas uma temporada fora do WCT (2018), e Jessé Mendes, do Guarujá/SP, que estreou na divisão de elite do surfe mundial pela primeira vez em 2018, mas estava fora da lista de 22 reclassificados e precisou buscar sua vaga no WQS. Como ainda resta uma etapa a ser disputada pelo WCT em 2018, o famoso e decisivo Pipemasters, alguns surfistas ainda podem se garantir pelo ranking principal no WCT de 2019, a conferir!

Mas o que realmente interessa é o título mundial, não?!

Nesta decisão o grande favorito é Gabriel Medina, paulista de Maresias, primeiro campeão mundial brasileiro em 2014 e líder do ranking, com 56.190 pontos. Atrás dele apenas dois surfistas podem sonhar com o caneco: Filipe Toledo, paulista de Ubatuba, e Julian Wilson, australiano de Queensland. Ambos têm 51.450 pontos e precisam alcançar Medina se quiserem ser campeões mundiais. Mas esta não será uma tarefa fácil, porque Gabriel precisa apenas fazer a final do evento para ganhar o título, enquanto seus adversários precisam torcer para que ele perca antes das semifinais e ainda por cima precisam vencer o evento se Medina cair nas semis. Se Gabriel cair nas quartas de final, eles podem ficar em segundo lugar no Pipemasters e se perder nas oitavas eles podem até ficar em terceiro…

Só que Gabriel Medina costuma ser um surfista extremamente focado, frio e motivado no segundo semestre do circuito, já fez final em Pipeline duas vezes e costuma se dar bem em ondas tubulares para a esquerda, como é o caso de Pipeline.

Outro detalhe importante. Pipeline é um título especial, uma onda clássica, considerada a rainha do circuito e, portanto, essencial no currículo de qualquer surfista que se preze. Justamente o caso de Gabriel Medina, que, de todos os troféus importantes do circuito mundial, ainda não tem o de Pipemaster.

 


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