Quantidade de deputadas eleitas ainda é insatisfatória

Aumento de mulheres na Câmara dos Deputados, com perfil mais conservador, não favorece pautas progressistas

 23/10/2018 - Publicado há 6 anos

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A Câmara dos Deputados terá o maior número de mulheres da história na próxima legislatura (2019-2022), com 77 deputadas federais eleitas em 2018. Segundo o Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), houve crescimento de 15% no total de mulheres eleitas em relação a 2014. Proporcionalmente, o Distrito Federal foi a federação que mais elegeu deputadas, foram cinco mulheres para uma bancada de oito. Em termos absolutos, São Paulo tem maior número: 11 para um total de 70. Para analisar o fenômeno, o Jornal da USP no Ar conversou com Hannah Maruci Aflalo, doutoranda em Ciência Política e pesquisadora do Grupo de Estudos de Gênero e Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

Apesar do crescimento de mulheres na Câmara, a pesquisadora considera o número insatisfatório, pois não atinge a meta de no mínimo 30% da presença feminina no local, que também continua abaixo da média de mulheres no Legislativo da América Latina, que é de 28,8%. Hannah explica que, mesmo com a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em destinar 30% do fundo especial de financiamento de campanha para as candidatas, não determinar que o dinheiro deveria ir para eleições proporcionais concentrou o valor em apenas algumas representantes – de cargos majoritários – dentro dos partidos.

A doutoranda afirma que dificilmente a Câmara aprovará novos projetos, já que a ideologia de extrema e centro-direita prevalece entre as deputadas. Diferente da violência contra a mulher, assunto que une o Legislativo, outras pautas relacionadas à saúde ou direito salarial da mulher, por exemplo, terão dificuldade em avançar, pois determinados partidos já se declararam contra. Porém, Hannah ressalta o lado positivo do cenário, em que mulheres jovens e transexuais foram eleitas, o que oferece visibilidade a propostas feministas e LGBT. A desvantagem numérica para andamento de planos mais progressistas encontra saída na aliança dessas mulheres com os homens defensores das mesmas pautas, completa.

Para aumentar a participação das mulheres na política, Hannah propõem que o TSE delimite como o fundo deve ser usado e o direcione para candidaturas proporcionais, além de estabelecer critérios de divisão capazes de aumentar o número de deputadas. A pesquisadora também aposta na educação social sobre a importância da representatividade feminina nessa classe e no investimento na formação e preparação das mulheres para ocupar os cargos eletivos.

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