Ciência mostra por que devemos ficar otimistas sobre desempenho brasileiro nos esportes de combate

Expectativa vem de um estudo realizado por docentes da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP, que analisaram desempenhos e conquistas de países-sede no Judô, Boxe, Taekwondo, Luta Olímpica e Esgrima

 15/07/2016 - Publicado há 8 anos     Atualizado: 04/08/2016 às 12:54
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Atletas da Seleção Brasileira posam com os quimonos dos Jogos Olímpicos Rio 2016 - Foto: Breno Barros/brasil2016.gov.br
Atletas da Seleção Brasileira posam com os quimonos dos Jogos Olímpicos Rio 2016 – Foto: Breno Barros/brasil2016.gov.br

Em toda a história dos jogos olímpicos, cerca de 22% do total das medalhas conquistadas por atletas brasileiros (ouro, prata e bronze) vêm dos esportes de combate, sendo que do total das medalhas de ouro do Brasil 13% vieram de nossos lutadores. E o judô tem grande responsabilidade nestas vitórias. Afinal, é o esporte individual que mais deu medalhas ao Brasil em Olimpíadas: 19, sendo três ouros, três pratas e 13 bronzes. A boa notícia é que as conquistas nos esportes de combate nestes jogos do Rio 2016 tendem a aumentar, como mostra um estudo recentemente publicado por professores da Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP.

O professor Emerson Franchini da EEFE explica que, como país-sede, o Brasil irá competir em todas as modalidades. E nos esportes de combate terá atletas no Judô, Boxe, Taekwondo, Esgrima e Luta OIímpica. “É uma tendência o país-sede aumentar o número de conquistas nos esportes de combate. Constatamos que esse fato ocorreu em cinco edições dos jogos, onde ficou evidente um aumento médio no número de conquistas dos países-sede”, afirma o docente.

O estudo realizado por Franchini e pela professora Monica Yuri Takito, também da EEFE, resultou no artigo Home Advantage in combat sports during the Olympic Games, que foi veiculado na versão on-line da Sport Science for Health, revista da Sociedade Italiana de Ciências do Exercício e do Esporte.

O termo home advantage é comum no meio esportivo, ou seja, a vantagem de se competir em casa, o que pode favorecer em possíveis vitórias. Franchini explica que home advantage pode ser atribuído a efeitos psicológicos, principalmente em esportes que dependem da atuação de um árbitro, ou seja, de caráter subjetivo. “Diferentemente de uma prova de atletismo, como a corrida, por exemplo, na qual quem chegar na frente vence, nos esportes de combate as decisões cabem a um árbitro. Portanto, existe uma avaliação subjetiva.”

E os efeitos psicológicos tanto podem refletir no juiz, como na pressão de torcedores, ou no próprio atleta, que pode sentir-se mais fortalecido.

Mas Franchini lembra que pode ocorrer o contrário, de um atleta sentir demais o peso da responsabilidade.

O dobro de medalhas

O estudo envolveu análise de cinco edições dos jogos nos esportes de combate: Atlanta (EUA), em 1996; Sydney (Austrália), em 2000; Atenas (Grécia), em 2004; Pequim (China), em 2008; e Londres (Inglaterra), em 2012. Franchini explica que foi levada em conta a dissolução do bloco da antiga União Soviética, no início da década de 1990. “Nos jogos de Atlanta, os países que compunham a antiga União Soviética também passaram a competir. Foi a partir daí que fizemos as análises e constatamos o efeito home advantage”, conta.

Emerson Franchini - Foto Marcos Santos/USP Imagens
Emerson Franchini – Foto Marcos Santos/USP Imagens

Por meio de estudos estatísticos, os pesquisadores levaram em conta as conquistas obtidas pelos países-sede nas cinco edições dos jogos. A partir daí foram feitas análises dos desempenhos de cada nação, como visitante e como país-sede. “Com os números das conquistas nos esportes de combate nas cinco edições fizemos uma média e a comparamos com o número de medalhas conquistadas enquanto país-sede”, explica Franchini, ressaltando que os resultados mostraram que o país que sedia a competição, em geral, dobra o número de medalhas.

No Judô, por exemplo, o Brasil teve um total de 13 conquistas nos cinco jogos. “Se dividirmos o total de 13 pelas cinco edições temos uma média de 2,6 medalhas conquistadas. Este é o número de conquistas a mais que poderemos ter, segundo mostra a estatística”, calcula Franchini. Num outro exemplo, ele cita a Austrália, que na média das quatro edições dos jogos obteve um coeficiente “zero” em conquistas nos esportes de combate. “Quando foi sede dos jogos, em 2000, ganhou três medalhas”, conta.

A delegação brasileira nos esportes de combate contará com um total de 14 atletas no Judô, sendo sete na categoria masculina e sete na feminina. O Taekwondo terá quatro atletas, com dois do sexo masculino e outros dois do feminino. Outros quatro atletas participarão das competições de Luta Olímpica. Até o momento, o Boxe ainda não definiu o número de atletas que irão aos jogos. “Aliás, nestes jogos do Rio haverá a abertura para a participação de atletas profissionais do boxe”, lembra Franchini. Em toda a história dos jogos, os esportes de combate conquistaram um total de 24 medalhas, sendo 19 no Judô, quatro no Boxe e um no Taekwondo. “O Brasil não tem tradição na Esgrima e na Luta Olímpica, mas esperamos que nossos atletas tenham uma boa participação”, diz o pesquisador.

Mais informações: com o professor Emerson Franchini pelo email emersonfranchini@hotmail.com

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