Doença genética que eleva colesterol acomete 790 mil brasileiros

Apenas uma minoria é diagnosticada como portadora da condição, que pode ser fatal

 28/09/2018 - Publicado há 5 anos

jorusp

A hipercolesterolemia familiar é uma doença responsável por aumentar os valores de colesterol duas vezes mais desde o nascimento. Ela acomete mais de 790 mil brasileiros e menos de 3.500 sabem que possuem essa condição. Para entender como funciona a doença e o tratamento necessário, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor e doutor Raul Dias Santos, diretor da Unidade Clínica de Lípides do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

Sistema cardiovascular – Ilustração: artwork

Ao menos 50% das pessoas portadoras da patologia sofrerão um infarto ou um AVC antes dos 50 anos de idade, se não forem tratadas. A doença é genética, ou seja, é passada através do DNA dentro da família, assim, uma ou duas pessoas serão portadoras, esclarece o médico. Santos afirma que a patologia não está ligada aos cromossomos sexuais, mas os homens são mais suscetíveis ao colesterol alto, pois o estrogênio, hormônio feminino, auxilia no seu controle. Por isso, após a menopausa, a condição tende a se manifestar mais agressivamente nas mulheres.

A solução para a doença é simples: uso do medicamento chamado estatina, bons hábitos alimentares e prática de exercícios físicos. Santos garante que o remédio é seguro, inclusive para crianças, e completa: o medicamento também reduz o risco de infarto e é barato. A partir do tratamento, as pessoas com hipercolesterolemia familiar controlam o nível de colesterol e podem ter a mesma qualidade de vida e longevidade do não portador da patologia.

Segundo o professor, foi descoberto, a partir de um estudo do projeto Elsa, primeiro grande projeto epidemiológico no Brasil, que a hipercolesterolemia familiar acomete pessoas com duas vezes mais frequência do que se imaginava. Além disso, o cenário é grave, um a cada três brasileiros morrem de patologias do coração e o colesterol é um dos fatores de risco.  A meta da Organização Mundial da Saúde (OMS) é reduzir 25% o risco de problemas cardiovasculares até 2025, sendo uma das propostas o controle do colesterol, conta Santos, que lembra sobre a importância da discussão para o Dia Mundial do Coração, comemorado em 29 de setembro.


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