Nesta semana, o professor Octávio Pontes Neto fala sobre uso de aspirina, que está bem estabelecida na prevenção secundária de eventos cardiovasculares, ou seja, quem já teve infarto ou acidente vascular cerebral se beneficia com o uso de aspirina. “Está bem indicada na recorrência desses desfechos, mas ainda é controverso se o idoso saudável, que nunca teve infarto ou AVC, se beneficia com o uso de aspirina diária.”
Pontes Neto comenta estudo publicado no The New England Journal of Medicine, de pesquisadores australianos e norte-americanos, que avaliaram mais de 19 mil idosos acima de 65 anos, seguidos durante quatro anos. Esses idosos foram divididos em dois grupos, um recebeu 100 ml de aspirina por dia e o outro recebeu placebo. Esses pacientes foram acompanhados durante 4,7 anos e avaliados sobre o desenvolvimento de eventos cardiovasculares, como infarto, demência, AVC ou incapacidade. “Esse estudo não mostrou benefício no uso de aspirina na redução da doença cardiovascular nos pacientes idosos saudáveis sem o AVC prévio.”
Para finalizar, o professor fala que o grupo que recebeu aspirina diariamente teve taxa maior de hemorragias importantes, como hemorragia digestiva e intracraniana. Uma taxa de 8,6% eventos por mil pessoas por ano, comparado com 6,2 por mil no grupo que recebeu placebo. Sugerindo que o uso indiscriminado de aspirina na prevenção primária, ou seja, nos pacientes saudáveis que nunca tiveram o evento, não deve ser recomendado de rotina, porque não reduz a incidência de eventos cardiovasculares importantes e aumenta o risco de sangramento nessa população. Ouça acima, na íntegra, o comentário do professor Octávio Pontes Neto.
Por: Júlia Gracioli