Uma das consequências da tragédia do incêndio do Museu Nacional do Rio de Janeiro é a questão da recuperação e preservação dos documentos que eventualmente tenham sobrevivido às chamas. Para que se possa manter vivo o máximo possível das descobertas científico-culturais e o legado do conhecimento para a comunidade, deverá ser realizado na área do incêndio um trabalho de investigação minucioso, com rigor arqueológico, de forma a recuperar os artefatos sem que eles sejam ainda mais danificados.
Dando continuação à repercussão do assunto, que abalou o País, o Jornal da USP no Ar tem conversado com os diretores de museus da USP, e dessa vez quem falou conosco foi Paulo Antonio Dantas de Blasis, diretor do Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP. Blasis explicou sobre o dia a dia da manutenção e cuidados que se deve ter com o acervo de um museu. “É preciso ter condições climáticas e ambientais de conservação, para que os materiais possam durar o tempo que for possível. E por trás da preservação desses acervos existe uma equipe muito grande de especialistas em conservação de diferentes materiais.”
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O diretor lembra que essa preservação é para que se leve esse conhecimento para a sociedade, através da exposição dos documentos. Ele aponta essa como uma das principais funções dos museus, que deve receber a devida valorização, independente da temática do museu. “Ao trazer os objetos, aquilo a que chamamos de cultura material, as características culturais daquilo que tentamos mostrar aparecem de forma muito mais rica e vívida. Aspectos da cultura e do cotidiano podem ser mostrados de forma que não é tão evidente em livros e textos, apesar de uma coisa não eliminar a outra.”
O arqueólogo conta, ainda, que a equipe de museologia, serviço educativo e curadoria do MAE está trabalhando, atualmente, em uma exposição em que objetos que foram coletados por etnólogos ao longo do século 20 têm sido ressignificados pelas populações indígenas remanescentes, que foram visitadas por esses etnólogos há cerca de 80 anos. Ele aponta que esses estudos têm, em parceria com as populações, colocado-as em contato com objetos pertencentes a seus antepassados, de forma que eles trazem para a análise significados simbólicos, e até funcionais, que não eram de conhecimento dos coletores, nem do próprio museu. Segundo Blasis, essa exposição virá a público muito em breve, com previsão entre dezembro de 2018 e janeiro de 2019.
Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré. Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima. |
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