O crânio de Luzia era um dos artefatos mais importantes que residiam no Museu Nacional do Rio de Janeiro e está perdido desde o grande incêndio ocorrido no início do mês de setembro. O crânio, datado de cerca de 11.500 anos, é o vestígio humano mais antigo encontrado na América, foi descoberto por um grupo de pesquisadores na região de Lagoa Santa, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Mercedes Okumura, coordenadora do Laboratório de Estudos Evolutivos Humanos da USP, conversou com o Jornal da USP no Ar e lamentou o sucateamento dos museus no Brasil, dizendo que agora, ironicamente, o Museu Nacional se torna uma espécie de sítio arqueológico, onde deverá ser feita uma busca por materiais perdidos na tragédia e que possam ser resgatados.
Mercedes conta que a região de Lagoa Santa é muito explorada arqueologicamente desde o século 19 e que a descoberta do crânio de Luzia serviu de guia para a descoberta da vocação do laboratório: estudo de cultura material e sua evolução para investigação do povoamento da América. No entanto, ela salienta que o crânio de Luzia não foi um achado isolado, mas que faz parte de um grupo de outras descobertas que trazem evidências de deslocamento África-América. E que, mesmo diante dessa importância científico-histórica, a coleção de Lagoa Santa não é a única coleção importante do museu.
Por fim, a cientista disse que o laboratório se colocou à inteira disposição do Museu Nacional, e lembrou que esse é um momento para que se coloquem as diferenças de lado e ofereçam a mão ao museu que abrigou tantos documentos e artefatos importantes da história, cultura e ciência do Brasil e do mundo.
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