Contratação com carteira assinada perde fôlego em 2018

O setor de serviços é o maior empregador, e o industrial o que mais se encontra em declínio

 26/07/2018 - Publicado há 6 anos
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jorusp

No ano de 2018, o número de contratação para empregos formais vem caindo nos últimos três meses, contrariando o ritmo do início do ano. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho, o mês de junho fechou com 661 vagas fechadas, o que pode culminar no saldo líquido de apenas 220 mil vagas com carteira geradas pelo mercado de trabalho, segundo levantamento realizado pela Folha de S. Paulo.

O professor Hélio Zylberstajn, do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP comenta, em entrevista ao Jornal da USP no Ar, os dados recentes sobre o aumento do desemprego em relação ao trabalho formal no País e a desaceleração do mercado de trabalho.

Para Zylberstajn, os dados são fruto da continuidade da recessão pela qual passa o País, que possui uma recuperação muito lenta. A esperança de evolução da economia nacional foi substituída pela redução de previsão do crescimento do PIB em 2018, de 3% para 1,5%, e vem diminuindo a cada dia, segundo o economista. “O emprego precisa de atividade econômica, se a atividade econômica está estagnada, o emprego fica estagnado.”

O número de demissões nos meses de dezembro é alto todos os anos, ficando em torno de 400 a 500 mil desligamentos. Para o professor, este ano não será diferente: no primeiro semestre de 2018, foram criadas 392 mil vagas, o que significa que toda a geração de emprego dos seis primeiros meses será perdida em dezembro. O fechamento positivo do ano no mercado de trabalho, portanto, vai depender do segundo semestre, contudo, Zylberstajn acredita que o saldo não será positivo este ano.

As influências favoráveis para as contratações também são improváveis. O quadro político incerto neste momento causa um adiamento da ampliação de negócios para a busca de um ambiente mais estável para investimentos após as eleições. A confirmação das candidaturas em disputa para o pleito presidencial talvez possa melhorar a perspectiva da economia, mas o economista acredita que a incerteza deve permanecer.

Contrariando as disputas eleitorais anteriores, que costumam gerar empregos pelas atividades realizadas pelos governantes que concorrem a uma reeleição, 2018 não deve seguir esse histórico, já que não existem grandes obras avançando no País.

O setor de serviços é o maior empregador, e o industrial o que mais se encontra em declínio, que mostra a perda de empregos de melhor qualificação. A construção civil também tem caído no mercado de trabalho em consequência da incerteza econômica, que causa insegurança no investimento em imóveis. A tendência de desaceleração na contratação é seguida também pelo setor comercial por conta da recessão e pela mudança de hábitos de compra, já que a internet tem ganhado cada vez mais espaço.

O especialista fala também sobre o trabalho intermitente, que passou a ser contemplado pela legislação com a Reforma Trabalhista. Para ele,  essa modalidade está sendo pouco utilizada, e, quando é utilizada, é para um grupo pequeno, fazendo com que essa forma de trabalho seja formalizada onde é necessário, garantindo também direitos trabalhistas aos contratados.

Jornal da USP no Ar, uma parceria do Instituto de Estudos Avançados, Faculdade de Medicina e Rádio USP, busca aprofundar temas nacionais e internacionais de maior repercussão e é veiculado de segunda a sexta-feira, das 7h30 às 9h30, com apresentação de Roxane Ré.

Você pode sintonizar a Rádio USP em São Paulo FM 93,7, em Ribeirão Preto FM 107,9, pela internet em www.jornal.usp.br ou pelo aplicativo no celular. Você pode ouvir a entrevista completa no player acima.


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