Os idosos têm cada vez mais autonomia nas decisões sobre a sua saúde. A facilidade na aquisição de aparelhos como o medidor de glicose (glicosímetro) e de pressão arterial contribui para essa realidade. De acordo com a terapeuta ocupacional Marina Soares Bernardes, o acesso a essas informações dentro do próprio domicílio permite maior controle do idoso sobre a sua doença, mas há dificuldade de uso e de interpretação dos resultados.
Marina acompanhou 150 idosos, de ambos os sexos, portadores de diabete e hipertensão, com média de idade de 72 anos, usuários de aparelhos para medidas de pressão e glicose no domicílio. A pesquisadora afirma que o monitoramento domiciliar nesses casos pode prevenir complicações, além de dar autonomia ao paciente para participar ativamente do seu tratamento, fazendo-o responsável pelas ações de cuidado. “As doenças crônicas exigem cuidado longitudinal e, por isto, o monitoramento domiciliar pode oferecer uma atenção mais integral e continuada”, afirma.
Marina alerta que é necessário saber manusear corretamente os medidores, já que a decisão vai se basear nestes resultados. “Para o idoso, desvendar o uso das novas tecnologias pode ser uma tarefa complexa por aspectos relacionados ao envelhecimento e à própria tecnologia”, revela. E ressalta que o declínio sensorial, motor ou cognitivo e o equipamento com linguagem técnica e design pouco amigável podem comprometer o uso.
Os idosos são a favor do gerenciamento domiciliar, diz a pesquisadora, que reforça a necessidade do investimento em informação e educação em saúde para o cuidado integral no tratamento de doenças crônicas. Para Marina, uma das alternativas é facilitar o acesso às informações sobre o tratamento da doença e sobre o uso dos equipamentos, por meio de oficinas para ensinar o uso correto dos aparelhos e, ainda, disponibilizar material didático adequado e espaço permanente para dúvidas. “São estratégias para se garantir tomadas de decisão em saúde mais adequadas e seguras”, conclui.
A dissertação O monitoramento domiciliar das condições crônicas e a tomada de decisão por idosos e diabéticos e hipertensos foi apresentada no dia 23 de fevereiro ao programa de Pós-Graduação Interunidades em Bioengenharia da USP, uma parceria entre a Escola de Engenharia de São Carlos (EESC), o Instituto de Química de São Carlos (IQSC) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), sob orientação da professora Carla da Silva Santana da FMRP.
Por Giovanna Grepi, do Serviço de Comunicação Social do campus de Ribeirão Preto
Mais informações: (16) 3441-1345