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Estudo relacionado ao transplante de células-tronco para o tratamento de diabete tipo 1 mostra melhora da qualidade de vida dos pacientes, deixando boa parte deles livres de insulina. O trabalho também aponta redução do risco de sequelas quando comparados com pacientes submetidos ao tratamento tradicional.
Os dados pertencem a uma pesquisa publicada recentemente na revista Frontiers of Endocrinology, realizada por pesquisadores do Centro de Terapia Celular (CTC) e a Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
A diabete tipo 1 é uma doença autoimune que acomete mais comumente crianças e adolescentes. Os pacientes precisam de várias injeções diárias de insulina para sobreviver, com medição de glicose.
A Federação Internacional de Diabete (IDF) aponta que o Brasil é o terceiro colocado no mundo em número de pessoas com diabete tipo 1, cerca de 100 mil crianças e adolescentes. As doenças autoimunes se desenvolvem porque o sistema imunológico (anticorpos e células de defesa, como os linfócitos) reconhece um determinado órgão como inimigo, e isto faz com que o organismo tente se autodestruir.
Segundo o médico endocrinologista Carlos Eduardo Barra Couri, o transplante de células-tronco para a diabete tipo 1 possibilita um reset imunológico. “Neste nosso estudo, os pacientes têm o sistema imunológico desligado quase completamente com altas doses de quimioterapia e reiniciado do zero, com infusão, pela veia, de células-tronco da medula óssea do próprio doente (que haviam sido coletadas e congeladas antes do início do procedimento), explica o pesquisador. Após o procedimento, o sistema imunológico para de agredir as células produtoras de insulina localizadas no pâncreas.
Durante o estudo foram comparados 24 pacientes que participaram do transplante de células-tronco no Hospital das Clínicas da FMRP, com 144 pacientes com diabete tipo 1, seguidos por médicos endocrinologistas, e que fazem tratamento convencional com insulina. Os doentes que utilizaram o tratamento convencional integram um grande banco de dados chamado BRAZDIAB1, com informações de mais de 5 mil pessoas de todo o Brasil. As atividades foram realizadas durante oito anos, com o pareamento dos grupos. Todos os pacientes tinham diabete tipo 1 recém-diagnosticada.
“Quando comparamos os dados vimos que 84% dos doentes que se submeteram ao transplante ficaram livres das picadas de insulina em algum momento. A pessoa com maior tempo livre de insulina neste estudo estava há oito anos sem usar o remédio. No outro grupo, nenhum paciente em tratamento convencional ficou livre de insulina. Além disso, quando se avaliou sequelas da diabete nos olhos, rins e nervos dos pés, o grupo transplantado não apresentou problemas, diferentemente de 25% do grupo com tratamento convencional”, destaca Couri.
A equipe de transplante de células-tronco do Hospital das Clínicas da FMRP é pioneira mundialmente no uso de células-tronco em humanos com diabete. O primeiro paciente foi incluído no fim de 2003 e transplantado em início de 2004.
Pesquisas continuam
Os pesquisadores seguem recrutando pacientes para pesquisas com células-tronco na área. Os critérios iniciais de inclusão são idade entre 18 e 35 anos e ter diabete tipo 1 há menos de seis semanas.
Os interessados devem entrar em contato com Carlos Eduardo Barra Couri pelo e-mail ce.couri@yahoo.com.br ou pelo site http://transplantardai.com.br.
Eduardo Loria Vidal
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