Uma referência para o país

Pró-reitor de Pós-Graduação da USP fala sobre seus planos à frente do setor; entre eles, a expansão da qualidade e a internacionalização dos cursos

 05/04/2010 - Publicado há 14 anos
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Fazer da USP um centro internacional de referência é uma das principais metas do pró-reitor de Pós-Graduação, professor Vahan Agopyan (foto), que completou, no último dia 23 de março, um mês à frente do novo cargo. “A nossa meta não deve apenas a melhoria do conceito Capes, mas estarmos comparados aos melhores programas de pós-graduação disponíveis nas respectivas áreas de todo o mundo. Como USP, temos a obrigação de sermos um pouco mais ambiciosos”, afirma o pró-reitor.

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) é o órgão responsável pelo credenciamento dos Programas de Pós-Graduação em nível nacional. A Capes realiza avaliações trienais, com conceitos que vão de 1 a 7, utilizados pelo Conselho Nacional de Educação para validar os títulos obtidos nos programas. Segundo a última avaliação, que abrange os anos de 2004 a 2006, 70% dos Programas oferecidos pela USP correspondem à excelência – conceitos 5 a 7, o que representa em torno de 21% do Brasil.

Segundo Agopyan, nos últimos anos, a Pró-Reitoria conseguiu reduzir significativamente o número de programas com conceito 3 e 4, embora ainda correspondam a 30% do total dos programas. O pró-reitor destaca que deve ser uma meta prioritária da Pró-Reitoria continuar com o esforço de aprimoramento de todos os programas, principalmente para aqueles com conceitos 3 e 4, através da elaboração de um plano de trabalho cooperativo entre a Pró-Reitoria, as unidades de ensino e pesquisa e as coordenações dos programas.

A avaliação da Capes também servirá para uma “autoanálise interna”, conforme ressalta Agopyan. “Não se pretende criar novas tarefas burocráticas, mas aproveitar o que hoje é realizado e internalizar sua análise, sob a ótica da USP, inclusive discutindo os relatórios que a Capes prepara após cada avaliação. Se nós nos debruçarmos em cada um desses relatórios e identificarmos pontos favoráveis e desfavoráveis e que possam ser melhorados, já é uma avaliação importante para nós”, estima.

Internacionalização

A internacionalização dos programas é, para o pró-reitor, outro desafio importante de sua gestão. Vahan salienta, entre as ações de incremento previstas nesse campo, o incentivo à co-tutela, que consiste na parceria com instituições de ensino e pesquisa estrangeiras para a co-orientação de estudantes, visando à preparação de tese de doutorado e dupla-titulação.

Além disso, prevê-se também a criação de programas internacionais, nos mesmos moldes do Programa de Pós-Graduação Internacional Biologia Celular e Molecular Vegetal, ministrado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), com a parceria da Rutgers (The State University of New Jersey) e Ohio State University. Esse curso, que teve início em 2009, é oferecido em nível de doutorado e é o primeiro do gênero em território nacional. O formado obterá o título de doutor pelas três instituições.

Pretende-se, ainda, fomentar a participação de alunos estrangeiros nos programas, através da ampliação do número de acordos e convênios internacionais com outras instituições, e simplificar o credenciamento de professores visitantes para ministrar disciplinas, participar de bancas e co-orientar. “São iniciativas que temos que incentivar para buscar a excelência, que é o nosso objetivo maior”, observa.

Modelo de pós-graduação

A USP é responsável por mais de 20% dos títulos de doutor expedidos por instituições nacionais. Em 2008, por exemplo, foram 2.295 doutores titulados. A Universidade oferece, atualmente, 229 programas, abrangendo 322 áreas de concentração, compreendendo todas as áreas do conhecimento. São quase 22 mil alunos matriculados, 51,6% dos estudantes no Mestrado e 48,4% no Doutorado.

Diante da pujança que a pós-graduação da USP representa em nível nacional, o pró-reitor considera que a Universidade tem a responsabilidade de repensar e propor inovações ao modelo de pós-graduação do País. “A USP tem a obrigação de colaborar com a sociedade brasileira e abrir uma discussão sobre o nosso modelo de pós-graduação. Isso não é uma crítica ao atual modelo, que está se mostrando muito eficiente, mas são várias as discussões que devem ser colocadas à mesa e abertas a toda a comunidade acadêmica”, afirma.

Agopyan julga que a interação e a inserção da Universidade com a sociedade pode ser mais eficiente com a criação do mestrado profissional, pois não se restringe à formação de pessoal acadêmico. “O mestrado profissional é o meio de termos uma interação maior com a sociedade. Precisamos desenhar um modelo para a USP e assumi-lo”, diz.

Nesse sentido, as principais ações a serem tomadas serão a superação dos entraves jurídicos e a elaboração de um novo regimento. “Com isso, podemos retomar esse tipo de formação para um público profissional muito bem qualificado que pretende aprofundar sua formação e colaborar mais intensamente para transformar a pesquisa em inovação”, garante.

Perfil 

Vahan Agopyan é graduado

em Engenharia Civil pela Escola Politécnica (EP), mestre

em Engenharia Urbana e de Construções Civis e doutor

em Engenharia Civil pela University of London King´s College. Desde 1994, é professor titular de Materiais e Componentes de Construção Civil da EP.

É vice-presidente do International Council for Research and Innovation in Building and Construction, membro do Conselho Superior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), presidente do Conselho de Superior do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e conselheiro de instituições como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT).

Foi diretor da Escola Politécnica (2002 a 2006) e diretor-presidente do IPT (2006 a 2008), além de coordenador de Ciência e Tecnologia da Secretaria do Desenvolvimento do Estado de São Paulo (2008-2009). Tem experiência na área de construção civil, com ênfase em materiais e componentes, atuando principalmente com materiais reforçados com fibras. Dedica-se aos estudos da qualidade e sustentabilidade da construção civil.

(Matéria publicada na edição nº 890 do Jornal da USP)

 

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