A importância e as falhas da mídia na construção da imagem do atleta paralímpico e sobre o papel dos jogos paralímpicos na transformação dessa imagem são o tema do artigo A contribuição dos Jogos Paralímpicos para a inclusão social: o discurso midiático como um obstáculo, escrito pelo professor Francisco Rodrigues Marques, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) da USP.
Segundo Marques, “a inclusão social de pessoas com deficiência (PCD) caracteriza-se como um processo contínuo, que demanda transformações de estruturas sociais em diferentes níveis e instâncias, e deriva de configurações socioculturais específicas de diversos ambientes e agentes, assim como de ações individuais das próprias PCD”. Nesse contexto, a mídia e os jogos paralímpicos teriam grande relevância, alimentando-se mutuamente com possibilidades de transformação na maneira como são vistas as pessoas com deficiência na sociedade.
Sendo o evento esportivo que mais atrai a atenção da sociedade para as pessoas com deficiência, logicamente os jogos paralímpicos também atraem muita atenção da mídia. Esta, no entanto, costuma recorrer a um tipo de discurso que, embora seja rentável para os meios de comunicação por seu apelo, acaba sendo prejudicial à imagem dos atletas: um discurso sensacionalista “que atribui ao atleta paralímpico valores mais ligados à deficiência e à superação de suas dificuldades do que aos seus feitos esportivos”. Assim, mantém-se a visão de que o atleta paralímpico seria exótico e excepcional, o que tem efeitos negativos no âmbito esportivo, social, comercial, simbólico e mesmo pessoal.
De acordo com o autor, o artigo busca “oferecer uma reflexão sobre o incômodo de atletas paralímpicos sobre as abordagens midiáticas que destacam a superação da deficiência como algo mais valoroso do que seus feitos esportivos, fato que os colocaria em lugar secundarizado em relação ao campo esportivo e à perspectiva de eficiência e produtividade perante a sociedade”.
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