O pesquisador Paulo Carrara cursou a graduação e o doutorado na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP. Entre os dias 6 e 16 de agosto, ele estará no Rio de Janeiro para atuar como árbitro durante as provas da ginástica artística masculina nos Jogos Olímpicos Rio 2016.
“Entre as funções de árbitro, estão: controlar a ordem de entrada de ginastas, os inícios de séries, as interrupções e o tempo de prova, além de pontuar o ginasta, colocando a nota no sistema que vai ser verificado pelo árbitro chefe”, explica Carrara, árbitro internacional de ginástica artística e também de ginástica de trampolim. A ginástica artística masculina engloba seis provas: solo, cavalo com alça, barras paralelas, barra fixa, argolas e salto sobre a mesa.
O caminho até chegar a essa oportunidade, porém, foi longo. Árbitro desde 1997, Carrara conta que foram muitos os cursos de arbitragem realizados desde então, ministrados pelas Federações Paulista e Brasileira de Ginástica. Os cursos são oferecidos, normalmente, no ano após cada Olimpíada, a cada quatro anos. A duração média é de cerca de 30 horas e, para ser aprovado, é preciso ter um bom aproveitamento na avaliação final. Mas é necessário conhecer muito bem as seis provas da ginástica. “O curso é mais para atualizar as informações e há muitos ex-ginastas como eu que decidem fazê-lo para poder atuar, posteriormente, como árbitro”, conta.
Arbitragem internacional
Logo após realizar o curso em 1997, Carrara começou a arbitrar em campeonatos de categorias iniciantes e em nível escolar. Depois, passou para campeonatos estaduais oficiais. Passados quatro anos, quando mudou o ciclo olímpico, ele fez o curso nacional. “A carga horária foi maior e o curso realizado fora do Estado de São Paulo”, relata. E assim tem sido sucessivamente.
Já para ser árbitro internacional, foi preciso fazer um curso do mesmo nível. E o ex-ginasta já teve a oportunidade de realizar dois deles: em 2009 e 2013, sendo este último em Aracaju (Sergipe), sede da Confederação Brasileira de Ginástica. Em alguns anos, ele chegou a fazer mais de um curso. Em 2009 fez o estadual, o nacional e o internacional. E é preciso também fazer os cursos para a arbitragem da ginástica artística e outros para a ginástica de trampolim.
Após realizar o curso e obter um bom aproveitamento, o nome do árbitro fica registrado nas Federações Paulista e Brasileira de Ginástica. “Para participar de uma competição, basta preencher a agenda de árbitros indicando a disponibilidade”, revela.
Mas para a Olimpíada do Rio de Janeiro o procedimento foi outro. As federações olharam em seus registros e verificaram quem eram os árbitros mais qualificados para participar da competição para fazerem o convite. “Fiquei muito feliz quando fui convidado. Foram vários cursos de que eu participei nesses quase 20 anos”, comemora. Carrara também já atuou como secretário de Arbitragem no evento teste, realizado em abril de 2016. Outro fator para a escolha foi o domínio do inglês, língua predominante durante os jogos olímpicos. Além disso, ele lembra que para ser secretário é preciso ser árbitro internacional.
Desde criança
Assim como a grande maioria dos árbitros, Carrara é ex-ginasta. Ele começou cedo na ginástica artística. Aos oito anos iniciou os treinos na escola que estudava, como uma atividade extracurricular. “Até os 18 anos, eu treinava seis vezes por semana como atleta de alto nível. Neste período, participei de vários campeonatos nacionais e internacionais”, conta.
A prática intensa diminuiu quando, aos 18 anos, decidiu prestar o vestibular da Fuvest. Ao ser aprovado e entrar na Escola de Educação Física e Esporte (EEFE) da USP para cursar a graduação em Esporte, os treinamentos continuaram, mas em menor intensidade. Mesmo assim, ele continuou competindo mas, desta vez, apenas em campeonatos universitários, jogos abertos do interior e em campeonatos brasileiros. “Parei de treinar mesmo aos 32 anos”, diz o ex-ginasta, atualmente com 36 anos.
O gosto pela ginástica artística pode ser visto também nos temas estudados por ele durante a pós-graduação. No mestrado, realizado em Portugal, Carrara pesquisou a influência da mudança das regras sobre o treinamento dos ginastas. No doutorado, a pesquisa foi sobre a biomecânica do movimento do crucifixo, que é executado durante a competição das argolas, uma das modalidades da ginástica artística (veja aqui a matéria sobre esta pesquisa).
Além de Carrara, há outros pesquisadores, professores, funcionários e ex-alunos da EEFE que vão atuar na Rio 2016. A unidade elaborou inclusive um hotsite para tratar do assunto.
Mais informações: email paulocarrara@gmail.com