USP recebe vencedores do Prêmio Nobel de Medicina, Química e Física para debater os desafios da ciência

Evento gratuito aberto ao público, “Nobel Prize Dialogue” acontecerá no dia 17 de abril, das 10h às 12h, no Centro de Difusão Internacional, no bairro do Butantã; haverá tradução simultânea e serão emitidos certificados

 Publicado: 04/04/2024     Atualizado: 08/04/2024 as 18:58
May-Britt Moser, Serge Haroche e David MacMillan darão palestra na USP – Foto: Academia Brasileira de Ciências

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A ciência inevitavelmente terá um grande impacto no nosso futuro, mas como a ciência beneficia a sociedade e como a sociedade pode conseguir o melhor da ciência? À medida que aumenta a nossa consciência da dimensão dos desafios globais prementes, precisamos considerar a melhor forma de nos preparar, bem como as futuras gerações, para aproveitar as oportunidades que a ciência oferece para a construção de um mundo melhor. Como conseguir o melhor da ciência e dos cientistas? O
Nobel Prize Dialogue, que acontecerá no campus da USP em São Paulo, no dia 17 de abril, às 10 horas, busca respostas para essas perguntas.

O evento promovido pela Academia Brasileira de Ciências (ABC) tem apoio da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) da USP e faz parte da comemoração dos 90 anos da USP.  A programação completa está disponível neste link

O encontro em São Paulo será no Centro de Difusão Internacional (CDI) da USP, na Avenida Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 310, no bairro do Butantã, em São Paulo, reunindo David MacMillan, Prêmio Nobel de Química em 2021; Serge Haroche, Prêmio Nobel de Física em 2012; e May-Britt Moser, Prêmio Nobel de Medicina em 2014, em que eles discutirão o que aprenderam com uma vida dedicada à ciência.

Os laureados abordarão o que é necessário para manter a curiosidade científica e enfrentar grandes questões, como superar os muitos contratempos enfrentados na pesquisa e como comunicar descobertas aos colegas, formuladores de políticas e ao público em geral

Haverá tradução simultânea. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas neste linkOs participantes receberão certificados emitidos conjuntamente pela ABC e pelo Nobel Prize Outreach. 

Funções cognitivas

May-Britt Moser divide o Prêmio Nobel de Medicina de 2014 com Edvard Moser e John O’Keefe. O seu trabalho busca compreender a base neuronal das funções cognitivas superiores. Ela concentra sua pesquisa em navegação espacial e memória porque essas são funções cognitivas fundamentais que compartilhamos com todos os animais. Junto com Edvard Moser e outros, ela realizou vários avanços científicos, sendo o mais espetacular a descoberta de células de grade no córtex entorrinal. A descoberta das células de grade foi seguida pela identificação de outros tipos de células funcionais na mesma estrutura cerebral, incluindo células de direcionamento da cabeça, células conjuntivais, células de fronteira, células do vetor de objetos e células de velocidade. 

Coletivamente, as descobertas identificam o córtex entorrinal como um nó da rede cerebral que nos torna capazes de encontrar nosso caminho. Acredita-se que as células de grade forneçam ao cérebro informações sobre as métricas de ambientes espaciais abertos e as células do vetor de objetos com informações sobre a direção e distância de si próprio a qualquer objeto no ambiente. Eles também mostraram que o córtex entorrinal codifica para o tempo episódico. Assim, é provável que o hipocampo receba informações sobre o que aconteceu, onde e quando do córtex entorrinal – informações necessárias para a memória episódica.

Os artigos de May-Britt têm atraído interesse especial porque a representação espacial é uma das primeiras funções a serem caracterizadas em um nível mecanicista em redes neuronais, e habilidades de navegação comprometidas são um dos principais sintomas da doença de Alzheimer. 

Óptica quântica

A pesquisa de Serge Haroche ocorreu principalmente no laboratório Kastler Brossel da Ecole Normale Supérieure (ENS), em Paris, na França, e suas principais atividades de pesquisa foram em óptica quântica e ciência da informação quântica. Haroche recebeu muitos prêmios, culminando no Prêmio Nobel de Física em 2012, compartilhado com David Wineland, por “métodos experimentais inovadores que permitem medir e manipular sistemas quânticos individuais”.

Haroche fez contribuições importantes para a eletrodinâmica quântica de cavidades (cavity QED), domínio da óptica quântica que estuda o comportamento dos átomos interagindo fortemente com o campo confinado em uma cavidade de Q alto, uma caixa feita de espelhos altamente refletivos. Um sistema átomo-fóton isolado do mundo exterior por paredes metálicas representa um modelo experimental muito simples que Haroche usou para testar conceitos fundamentais da física quântica, como superposição de estados, emaranhamento, complementaridade e decoerência. Alguns desses experimentos são realizações reais em laboratório dos “experimentos mentais” imaginados pelos fundadores da mecânica quântica.

As principais realizações de Haroche na eletrodinâmica quântica de cavidades incluem a observação do aumento da emissão espontânea de um único átomo em uma cavidade (1983), o monitoramento direto da decoerência de superposições mesoscópicas de estados (os chamados estados do gato de Schrödinger) (1996) e a contagem quântica não demolidora de fótons (2007). Ao manipular átomos e fótons em cavidades de alto Q, ele também demonstrou etapas elementares de procedimentos de informação quântica, como a geração de emaranhamento átomo-átomo e átomo-fóton (1997) e a operação de portas lógicas quânticas envolvendo fótons e átomos como “bits quânticos” (1999).

Catalisadores de moléculas 

Catalisadores, substâncias que aceleram reações químicas sem se tornarem parte do produto final, são importantes para a habilidade dos químicos em construir moléculas. Em 2000, David MacMillan e Benjamin List desenvolveram um novo tipo de catálise que se baseia em pequenas moléculas orgânicas. Uma capacidade importante de muitos desses catalisadores é a habilidade de construir apenas uma das duas variantes de imagem espelhada de uma molécula. Tais catalisadores são utilizados, por exemplo, em pesquisa farmacêutica e têm tornado a química mais amigável ao meio ambiente. MacMillan divide o Prêmio Nobel de Química de 2021 com List “pelo desenvolvimento da organocatálise assimétrica”. 

Nobel Prize Dialogue
Data: 17 de abril, das 10h às 12h
Centro de Difusão Internacional da USP (Av. Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 310, Butantã, São Paulo)
Gratuito, com inscrições neste link
Haverá tradução simultânea e emissão de certificados
Mais informações no site do evento.


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