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No Brasil, segundo dados do IBGE, quase 30 milhões de pessoas têm mais de 60 anos. Cerca de 16 milhões conta com algum tipo de deficiência visual ou auditiva, e 4,2 milhões dessas pessoas moram sozinhas. E isso pode dificultar o acionamento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em caso de emergência. Para atender essa parcela da população, o enfermeiro Diego Santiago Montandon, da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP, desenvolveu a Plataforma Eletrônica de Socorro nas Urgências (e-SU).
O aplicativo é adaptado para acionar socorro pré-hospitalar de forma mais rápida e prática. A ideia do projeto surgiu da própria experiência de Montandon como enfermeiro, que ao perceber a dificuldade resolveu investigar a real situação dessas pessoas. Durante seu mestrado na EERP, ele avaliou dados de geoprocessamento de pedidos de socorro realizados por pessoas com mais de 60 anos e com deficiência em Ribeirão Preto. “Foi quando verifiquei que elas também não conseguiam ser tão bem atendidas”, conta o pesquisador.
Montandon decidiu, no doutorado, desenvolver um aplicativo para celular que desse autonomia a esse público durante situações de emergências. O e-SU possibilita chamar o Samu, enviando a exata localização do celular. Segundo o pesquisador, o app também envia ao serviço de urgência fotos, vídeos, mensagens de texto e oferece comunicação audiovisual comum, permitindo um atendimento mais eficaz e adequado à condição do paciente.
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Para além do pedido de socorro, garante Montandon, ao ser instalado, o e-SU tem acesso aos locais que o paciente mais frequenta, da localização de seu dispositivo celular, além da idade, se mora sozinho e se é portador de deficiência auditiva ou visual. O pesquisador afirma que “com o decorrer do tempo, o aplicativo vai se adaptando conforme as necessidades da pessoa e, se ela desejar, ela própria pode atualizar o sistema.”
O aplicativo e-SU já foi aprovado em testes com peritos, empresários da área de desenvolvimento de softwares para telefonia móvel e por 21 pessoas da população-alvo. Atualmente, encontra-se em fase de registro na Agência USP de Inovação. “Depois dessa etapa, serão necessários novos recursos financeiros para desenvolver o protótipo de alta fidelidade, o qual terá de ser avaliado novamente antes de ser lançado ao público.”
O desenvolvimento do aplicativo foi feito durante o doutorado de Montandon Construção e avaliação de um protótipo de software aplicativo de telefonia móvel para acessibilidade nas solicitações de socorro pré-hospitalar, com orientação da professora Simone de Godoy Costa, no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem Fundamental da EERP, defendido em dezembro de 2020.
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