Permanecer ativo durante período na UTI aumenta chances de recuperação

Projeto da USP chama a atenção para os benefícios de se exercitar, por meio de atuação fisioterapêutica, durante a internação

 14/01/2019 - Publicado há 6 anos
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Carolina Fu e Debora Stripari Schujmann, idealizadoras e pesquisadoras do projeto Movimente sua UTI – Foto: Marcos Santos / USP Imagens

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Um projeto da USP busca desconstruir a ideia de que pacientes em terapia intensiva devem ficar em repouso. Durante a internação em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), os pacientes podem experimentar um período sem realizar atividades e de repouso prolongado, o que está relacionado a diversas perdas e alteração física. Estudos científicos apontam que permanecer ativo durante o período de internação aumenta as chances de o paciente sair do hospital realizando o maior número de atividades possível.

“Ao contrário do que muitos pensam, um paciente com estado de saúde grave pode e até deve sair da cama. O risco é muito baixo e o benefício muito alto”, explica a fisioterapeuta da USP Debora Stripari Schujmann.

Ela é uma das coordenadoras do Movimente sua UTI, com Carolina Fu, professora da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). As pesquisadoras criaram um site para reunir informações sobre o assunto e orientar hospitais, profissionais da área da saúde, pacientes e familiares deles sobre os benefícios da atuação fisioterapêutica, por meio de exercícios físicos, durante a internação. O material é livre para reprodução.

“Por isso, escolhemos nomear o projeto de forma ampla: Movimente sua UTI, e não Fisioterapia na UTI. Todos, inclusive outros profissionais de saúde, precisam entender a importância da movimentação para pacientes”, explica a professora Carolina.

A pesquisadora destaca ainda a conscientização dos familiares dos pacientes. “Aqui no Brasil ainda há uma cultura de que pacientes em estado fragilizado não podem praticar exercícios. O diálogo entre profissionais da saúde, paciente e família é uma maneira de reverter essa situação.”

As informações disponíveis no site são baseadas em pesquisas científicas. Parte delas são realizadas pelo próprio local de onde surgiu a iniciativa: o Laboratório de Pesquisas Clínicas em Unidade de Terapia Intensiva com foco em Reabilitação e Mobilidade Precoce nos Pacientes de UTI. O Labuti está situado no Departamento de Fisioterapia da FMUSP e os seus estudos são vinculados ao Hospital das Clínicas.

Mas por que é tão importante se movimentar?

A maneira ideal de organizar a UTI é diferente da configuração atual da maior parte dos hospitais no Brasil – Foto: Reprodução / Movimente sua UTI (Clique na imagem para ampliar)

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O Movimente sua UTI aponta que descansar para se recuperar não é sinônimo de ficar em repouso constante. A UTI é um local de reabilitação e isso inclui exercícios. “A mobilização precoce é importante porque os músculos começam a sofrer degradação em apenas dois dias. Realizar atividades físicas antes das 48 horas de internação precisa ser mais incentivado”, explica Debora.

De acordo com a fisioterapeuta, após a saída da internação, muitos pacientes desenvolvem dificuldades psicológicas, psiquiátricas, cognitivas e físicas ao longo do tratamento. É a chamada síndrome pós-terapia intensiva. Ela pode ser desencadeada por diversos processos realizados durante a internação, como medicação sedativa (estímulo ao sono), ventilação mecânica (respiração por aparelhos) e imobilidade (falta de exercícios físicos).

Medidas que aparentemente seriam boas para a recuperação da pessoa acabam por prejudicá-la. O imobilismo acarreta deficiência em diversas partes do corpo, como pulmão, coração e músculos, por exemplo.

O Hospital das Clínicas da FMUSP é um dos locais engajados em cumprir com os procedimentos descritos nos materiais de divulgação do Movimente sua UTI. Para saber mais sobre o projeto e conferir todo o acervo de informações, acesse o site.


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