Área de exames do Instituto Dante Pazzanese - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Parceria entre Dante Pazzanese e USP promove investigação e pesquisa na área cardiovascular

Programa USP-IDPC tem opção de mestrado profissional e doutorado com abordagem multidisciplinar para atender complexidade das questões científicas em medicina cardiovascular

 23/08/2023 - Publicado há 8 meses

Hérika Dias

Formar uma nova geração de cientistas dedicados aos avanços do nosso entendimento sobre doenças cardiovasculares e liderar a inovação em métodos diagnósticos e terapêuticos não intervencionistas e intervencionistas. Esses são os objetivos do programa de doutorado em Medicina/Tecnologia e Intervenção em Cardiologia no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC).

Localizado na capital paulista, o IDPC se destaca como uma instituição líder em cuidados cardiovasculares e é referência no sistema de saúde pública. Mantendo sua independência jurídica, a associação com a USP reforça sua dedicação à educação, pesquisa e envolvimento com a comunidade. Essa parceria evidencia o compromisso do IDPC em atender o público com expertise médica de alta qualidade.

A parceria do IDPC com a USP, iniciada em 1992, abriu portas para o estabelecimento de um programa avançado de pós-graduação em medicina cardiovascular, oferecendo cursos de mestrado e doutorado com um foco em pesquisa e formação científica na área. No início dessa colaboração, o doutorado estava associado ao Instituto do Coração (Incor) da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP).

Desde 2007, o Instituto Pazzanese lançou seu próprio programa de doutorado em Medicina/Tecnologia e Intervenção em Cardiologia. Até o momento, esse programa já capacitou 150 profissionais, buscando consolidar sua posição na formação avançada em medicina cardiovascular.

O programa de doutorado do Instituto Pazzanese combina diversas áreas do conhecimento, sustentando-se nas múltiplas competências em medicina cardiovascular da instituição. Isso abrange expertise em cirurgia cardiovascular em adultos e crianças, cardiologia intervencionista, telemedicina, eletrofisiologia e arritmias, marca-passo, além de competências em tecnologias avançadas de imagem cardiovascular, como ecocardiografia, ressonância nuclear magnética, tomografia computadorizada e medicina nuclear, bem como medicina cardiovascular de urgência e intensiva, conforme explica Amanda Guerra de Moraes Rego Souza, presidente da Comissão de Pós-Graduação do instituto e representante no Conselho Universitário da USP.

Amanda Guerra de Moraes Rego Souza, presidente da Comissão de Pós-Graduação do Instituo Dante Pazzanese - Foto: Divulgação/IDPC

A pós-graduação também destaca-se por sua abertura a uma ampla gama de profissionais, desde médicos, bioengenheiros, físicos e matemáticos até enfermeiros, biólogos, farmacêuticos, fisioterapeutas, nutricionistas, odontólogos, psicólogos e tecnólogos. Essa abordagem multidisciplinar, segundo Amanda, é fundamental para o sucesso do programa, dada a complexidade das questões científicas em medicina cardiovascular. Entre 5 e 10% dos doutorandos, por exemplo, vêm da bioengenharia. As pesquisas e o treinamento em bioengenharia no IDPC seguem o legado de Adib Jatene, médico cirurgião pioneiro e inovador que estabeleceu um ecossistema de pesquisa e desenvolvimento de dispositivos cardíacos no instituto. Graças a esses avanços, o IDPC fundou uma fábrica de equipamentos e dispositivos cardiovasculares que hoje atende não só ao mercado nacional, mas também ao da América Latina.

O médico cardiologista José de Ribamar Costa Júnior fez parte da primeira turma do doutorado USP-IDPC em 2007. Depois da obtenção do título de doutor, ele se tornou professor do próprio curso. 

“Minha vocação para a pesquisa me conduziu ao universo acadêmico e científico, onde tive a oportunidade de iniciar linhas de pesquisa em colaboração locais e internacionais. Após finalizar o doutorado, comecei a lecionar, com ênfase em inovações na cardiologia intervencionista.”

O doutorado USP-IDPC tem seis linhas de pesquisa e 15 disciplinas no currículo ministradas por um corpo docente de 22 professores. Em geral, são oferecidas 15 vagas e as seleções ocorrem no final de cada semestre: maio e junho, novembro e dezembro.

Foto: Arquivo pessoal

José de Ribamar Costa Júnior, médico que fez parte da primeira turma do doutorado USP-IDPC - Foto: Arquivo pessoal

Instalações e fachada do Instituto Dante Pazzanese, no centro de São Paulo - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Um dos professores da pós-graduação é o médico cardiologista Ricardo Alves da Costa. Grande parte da sua trajetória acadêmica e profissional foi construída no próprio Dante Pazzanese. Costa realizou sua residência no instituto e, depois de pós-graduação no exterior, fez o doutorado USP-IDPC.

 “Eu já participava de projetos de pesquisa desde a residência no Dante, em que fui exposto a linhas de pesquisa em assuntos na fronteira do conhecimento. Grandes novidades da cardiologia intervencionista são desenvolvidas no instituto e atraem profissionais de todo o mundo. Tive certeza de querer fazer parte da equipe”, relata Ricardo Costa. A reputação do Dante Pazzanese vem de personalidades como José Eduardo Moraes Rego Sousa, reconhecido por sua inovação e pioneirismo, especialmente no uso de stents para o tratamento de doenças coronárias. Com esse trabalho ele ajudou a posicionar o Brasil como referência na cardiologia intervencionista mundial.

Costa se tornou médico do hospital e fez parte da primeira turma do doutorado em 2007. E ainda realizou o pós-doutorado no Dante Pazzanese. “Depois do pós-doutorado, tornei-me professor. Foi como dar continuidade a um círculo virtuoso por meio de desenvolvimento de pesquisa científica e, agora, como orientador na qualificação dos nossos pesquisadores.”

Desde 2011, o IDPC ampliou sua atuação acadêmica ao oferecer um programa de pós-doutorado. Esse programa abrange diversas áreas dentro da cardiologia e também se aprofunda em campos emergentes, como a caracterização genômica das doenças. Além disso, busca integrar a genômica à medicina convencional, bem como explorar os domínios da farmacogenômica e da medicina personalizada.

Foto: Arquivo pessoal

Ricardo Alves da Costa, médico e professor da pós-graduação - Foto: Arquivo pessoal

Área de fisioterapia do Instituto Dante Pazzanese - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Mestrado profissional

Além do doutorado, o programa de pós-graduação USP-IDPC oferece um curso de mestrado profissional, que tem uma proposta inovadora, segundo a presidente da Comissão de Pós-Graduação.

“É um curso de mestrado profissional associado à residência em Medicina Cardiovascular do Dante Pazzanese, que tem um forte conteúdo curricular. Nós aproveitamos isso e aprofundamos mais em um programa de stricto sensu, que oferece mais disciplinas e exige a apresentação de uma dissertação, ao final de 24 meses”, explica Amada.

A residência médica é uma modalidade de ensino de pós-graduação lato sensu, sob a forma de curso de especialização. É um treinamento teórico e prático para o profissional em instituições de saúde. 

Elas funcionam como hospitais-escola, nas quais os residentes atuam sob orientação de profissionais habilitados em determinada especialidade. O processo dura entre dois e cinco anos, dependendo do programa e da especialidade da residência.  

O residente do IDPC que realiza o curso de mestrado profissional recebe dois títulos: o de especialista em Cardiologia, que é lato sensu, e o de mestre profissional, que é stricto sensu, o que lhe garante o direito de avançar para o doutorado.

Residência médica inclui treinamento teórico e prático para o profissional - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

“A relevância desse programa se destaca ainda mais quando consideramos que muitos dos nossos residentes retornam às suas regiões de origem com o objetivo de integrar o corpo docente de universidades estaduais e federais. Atualmente, essas instituições valorizam e muitas vezes exigem uma sólida formação acadêmica para a inclusão no quadro de professores”, destaca a presidente da Comissão de Pós-Graduação.

A primeira residência do Brasil

O Instituto Dante Pazzanese, ao associar o mestrado profissional com a residência em Medicina Cardiovascular, busca reforçar uma longa tradição como centro de excelência na formação de cardiologistas. Vale destacar que o IDPC se posicionou na vanguarda da medicina brasileira ao ser o primeiro no País a oferecer residência médica especializada em cardiologia, já em 1959.

Todos os anos, centenas de médicos de todo o País se preparam para o concurso público que dá acesso às residências do Dante Pazzanese. Atualmente, são três programas de residência na área cardiovascular: Cardiologia Clínica (66 vagas), Cirurgia Cardiovascular (8 vagas) e Cirurgia Vascular (4 vagas); e 76 nas áreas de atuação específica, como Ecocardiografia (15 vagas), Eletrofisiologia Clínica Invasiva  (12 vagas), Ergometria (10 vagas), Hemodinâmica (13 vagas), Cardiologia Pediátrica (12 vagas), Cirurgia Endovascular (4 vagas) e Transplante Cardíaco (2 vagas), Ecografia Vascular com Doppler (2 vagas) e Cardiointensivismo (6 vagas). 

O Instituto Dante Pazzanese não se limita à residência em Medicina Cardiovascular. Ele expande suas oportunidades de formação ao oferecer residências multiprofissionais na área cardiovascular e em Enfermagem Cardiovascular. Essas oportunidades são destinadas a profissionais formados em áreas como enfermagem, farmácia, fisioterapia, nutrição, odontologia, psicologia e serviço social, que buscam especialização no campo cardiovascular.

Carlos Gun, diretor de ensino do instituto Dante Pazzanese - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

“Recebemos residentes de todos os cantos do Brasil. Durante o treinamento, esses médicos são expostos a uma vasta e diversificada gama de situações clínicas e doenças cardiovasculares, graças ao grande número de pacientes que buscam tratamento no IDPC. A combinação do número e diversidade de doenças cardiovasculares, aliada às competências tecnológicas avançadas e à qualidade excepcional dos profissionais que conduzem o treinamento, garante uma formação altamente qualificada para os residentes. Nosso compromisso é com a excelência na formação”, destaca Carlos Gun, diretor de ensino da instituição.

Taís Barbosa Bueno, residente em Cardiologia vinda do Estado do Maranhão - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Allan Domingues Gavião de Carvalho, também residente em Cardiologia vindo de Belém, no Pará - Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

A médica Taís Barbosa Bueno, atualmente no 2º ano de residência em Cardiologia, é um exemplo da diversidade geográfica dos residentes do Instituto Dante Pazzanese. Vinda do Maranhão, Taís destaca a riqueza da experiência proporcionada pelo programa. “A residência é o momento em que consolidamos o aprendizado que nos acompanhará por toda a carreira. A diversidade e complexidade dos casos, aliadas ao grande número de pacientes, são fundamentais para nossa formação, mesmo diante do intenso ritmo de trabalho”, comenta.

Allan Domingues Gavião de Carvalho, outro médico no 2º ano de residência em Cardiologia, já tinha o Instituto Dante Pazzanese em seu radar desde seus dias de faculdade em Belém. “Muitos de nossos renomados professores foram formados aqui e sempre nos motivaram a escolher o Dante para nossa residência. A especialização em Cardiologia do instituto é notável, oferecendo recursos e técnicas que são realmente únicos” destaca Allan.

Mais informações: http://www.idpc.org.br


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