Considerado um dos pioneiros do ambientalismo no Brasil, Paulo Nogueira-Neto, Professor Emérito do Instituto de Biociências (IB) da USP, em São Paulo, morreu nesta segunda-feira (25), aos 96 anos.
Primeiro titular da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), entre 1974 e 1986, no âmbito do antigo Ministério do Interior, o professor também foi um dos fundadores do Departamento de Ecologia Geral do IB e atuou no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), no Conselho do Meio Ambiente (Cades) da Prefeitura de São Paulo e no Conselho de Administração da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Na USP, tornou-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito, em 1945. Depois estudou História Natural na então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL), formando-se em 1959. Dedicou sua vida acadêmica ao estudo das abelhas indígenas sem ferrão (Meliponinae) – tema, inclusive, de sua tese de doutorado e de diversos livros publicados.
Nos anos em que esteve à frente da Sema, Nogueira-Neto criou e estabeleceu 3 milhões e 200 mil hectares de áreas protegidas, em 26 estações e reservas ecológicas. Entre 1983 e 1986, integrou a Comissão Brundtland das Nações Unidas, sobre meio ambiente e desenvolvimento, como um dos representantes da América Latina. Nesta comissão, a expressão “desenvolvimento sustentável” foi utilizada pela primeira vez.
Em 2011, publicou o livro Uma trajetória ambientalista – Diário de Paulo Nogueira-Neto, no qual trata tanto de fatos pessoais quanto de acontecimentos relacionados à sua atuação como cientista e homem público. “Paulo Nogueira-Neto traiu a sua cultura ao pensar que o meio ambiente poderia ser algo importante. Sua traição foi doar a sua vida e carreira para ajudar a organizar o Brasil em relação às questões ambientais e, ao fazer isso, acabar convencendo os outros de que valia a pena lutar para preservar os biomas do País, poluir menos as águas e utilizar energia renovável, entre outros objetivos”, comenta o professor Marcos Buckeridge, também do IB, em resenha do livro.
O ambientalista e professor deixa três filhos e seis netos.