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Destaque na formação acadêmica e profissional na área de comunicação, o curso de Publicidade e Propaganda da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP tem egressos da graduação que se tornaram referências na publicidade brasileira, muitos deles, inclusive, premiados por seus trabalhos. Mas um movimento de alunos e ex-alunos tem chamado a atenção no curso: muitos deles, apesar de cursarem Publicidade, constroem uma carreira célebre em outras áreas, muitas delas voltadas para as artes, como a música ou a atuação. O jornalista William Bonner, o cantor Jão e o ator Mariano Mattos Martins são exemplos de figuras reconhecidas nacionalmente, formados em Publicidade e Propaganda pela ECA em diferentes anos, e que atualmente se dedicam a profissões diferentes.
Para o estudante Guilherme Reis, o curso “dá uma visão muito boa de como funciona o processo de você divulgar artistas e personalidades; assim, eu acho que é algo que eu ainda vou aproveitar mais no futuro para minha carreira”. O jovem está no terceiro ano do curso e também trabalha como ator em séries e peças publicitárias. Seu mais recente papel de destaque foi em O Rei da TV, da produtora e plataforma de streaming StarPlus, em que interpreta o apresentador Silvio Santos na juventude. Assim como Guilherme, outros ecanos formados em publicidade participaram da produção do seriado: o ator Mariano Mattos Martins, que interpreta Silvio Santos durante a fase adulta, e o diretor Marcus Baldini.
Guilherme explica que a escolha pelo curso foi influenciada pela carreira na qual ele já trabalha, mas também pelo desejo de uma formação ampla o suficiente para abrir novas possibilidades. “Tentei encontrar um curso que tivesse um mínimo de proximidade com a minha profissão de ator, mas que me trouxesse outras oportunidade de carreira.” Ele afirma que se mudou para São Paulo pensando na atuação e escolheu a USP por ser uma universidade de alto nível. Guilherme também explica que o curso de Publicidade e Propaganda da ECA permite melhor compreensão sobre o processo de produção dos trabalhos que ele já realiza, ao oferecer noções sobre a seleção para peças comerciais, por exemplo, ou mesmo possibilitando contatos interessantes na área.
O professor Bruno Pompeu, do Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo (CRP) da ECA, ressalta que o curso não é focado na gestão da própria carreira, mas que algumas disciplinas podem ser úteis nesse sentido. “Na disciplina de administração publicitária, há conteúdos de empreendedorismo […]. Quando você pega disciplinas de planejamento, você tem um conteúdo que ajuda muito a pensar em posicionamento, definição de público-alvo, construção de diferencial. ” O professor Dorinho Bastos, também do CRP, acrescenta que as noções de marketing ensinadas em sala de aula também colaboram com o autogerenciamento da carreira, especialmente ao discutir as mídias digitais.
Além disso, segundo Bruno, o curso oferecido pela ECA proporciona muita liberdade e desprendimento ao estudante, dando espaço para que ele atue na área em que desejar. O professor complementa dizendo que as aulas propiciam muita experimentação, permitindo que o discente realize trabalhos em formatos diferentes dos convencionais, como filmes e encenações, por exemplo. Ainda assim, de acordo com ele, são variados os planos de carreira que podem ser traçados a partir da Publicidade, indo além das atividades artísticas.
“Tem gente que vai trabalhar com coisas muito inesperadas e vai dar certo, porque o curso ajuda a abrir a cabeça nesse sentido. Publicidade é uma linguagem e, portanto, pode ser aplicada a diferentes universos”, afirma Pompeu.
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Por que tantos alunos e egressos do curso migram para as Artes?
Para Dorinho, os estudantes realizam o vestibular ainda muito jovens e, por diversas vezes, chegam à graduação com noções rasas sobre a Publicidade, limitando-se às questões criativas e comerciais que veem na mídia. Por não conhecerem bem as múltiplas áreas de atuação desse curso, os estudantes acabam se deparando com infindáveis possibilidades quando ingressam na Universidade. Bruno acredita que, por mais que os discentes cheguem desejando cursar Publicidade e Propaganda, eles podem se frustrar com a carreira durante o caminho, repensando a profissão que desejam seguir.
As atividades artísticas se tornam as alternativas mais recorrentes porque, segundo Bruno, a maioria dos estudantes já tem seu lado criativo mais aflorado. “Acaba entrando um perfil de aluno que tem essa criatividade, esse gosto pelo fazer diferente e pela inovação e que eventualmente até já tem alguma familiaridade com esse mundo das artes, por exemplo”, explica.
Contudo, o docente faz questão de reforçar que publicidade não é o mesmo que arte. “Embora exista o termo arte publicitária e eventualmente a gente possa ter exposições de peças publicitárias, publicidade não é arte, porque cumpre um papel bastante diferente”, esclarece. De qualquer maneira, ambas se constituem como linguagem e se mostram intimamente ligadas, inspirando-se uma na outra, de acordo com o professor.
Para Bruno, o sucesso dos ecanos é justificado pela dedicação dos discentes, que são descritos por ele como pessoas muito competentes e talentosas. O docente ainda acrescenta que, apesar de não estarem estampados na mídia, outros vários egressos do CRP trilharam trajetórias com grandes conquistas. “Também é muito bom ter publicitários de muito sucesso, nem sempre conhecidos, mas sempre muito reconhecidos, e isso aí a gente tem aos montes”, relata. De toda forma, o professor se alegra em acompanhar o desenvolvimento de seus educandos: “é tudo motivo de muito orgulho pra gente, é muito bom”.
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Texto: Cecília de O. Freitas e Mariana Zancanelli, do Laboratório Agência de Comunicação da ECA USP
