O professor Luciano Nakabashi aponta como dois grandes destaques em discussão na reunião do G20, encerrada recentemente, no Rio de Janeiro, a redução da pobreza e a tributação dos super-ricos. De acordo com ele, a redução da pobreza, juntamente com as questões climáticas, é um dos grandes desafios da humanidade neste século e uma prioridade, a fim de que se possa obter uma economia sustentável para todos. “Quando a gente olha a pobreza, ela é muito negativa para a sociedade de uma forma geral, porque as pessoas que vivem na pobreza, você está desperdiçando esses talentos, são pessoas que poderiam ser muito produtivas, algumas poderiam ser pessoas com grandes contribuições para a humanidade e você acaba não aproveitando esse potencial das pessoas que vivem na pobreza, e quando você pega alguns países como o Brasil e outros em situação ainda pior, como na África, uma parcela grande da população está na pobreza ou próximo da pobreza.”
O reflexo disso na sociedade, prossegue Nakabashi, são famílias que investem menos em capital físico e humano e menos em capital social, “que são elementos fundamentais para que as pessoas consigam, de fato, aproveitar o potencial, elas investem menos em capital humano nas crianças, são famílias mais desestruturadas”. O colunista observa ainda que outro ponto que tem relação com a pobreza é a criminalidade e defende a adoção de políticas públicas como forma de reduzir os índices de pobreza. “No Brasil, o Bolsa Família é uma política importante, mas não é o suficiente, você precisa do Bolsa Família, você precisa de escolas públicas que tenham qualidade para que as crianças possam frequentar uma escola gratuita e que elas consigam aprender e tem que ter não só qualidade ali na escola, mas também um suporte emocional para essas crianças.”
Quanto à tributação dos super-ricos, outro ponto discutido na cúpula do G20, ele considera ser importante, “porque os ricos, se você pega no Brasil os super-ricos, eles pagam menos impostos do que a classe média, o que não é justo em termos proporcionais à renda, eles têm que pagar no mínimo proporcionalmente a mesma coisa, mas de preferência mais, são pessoas que têm mais recursos, que têm mais capacidade de estar ajudando em termos de transferência de renda e a gente tem que pensar nas fontes também. Quais as políticas que a gente vai focar para alocar os recursos públicos e tem que ter essa prioridade para redução da pobreza, que é uma coisa histórica no Brasil, que vem desde o começo da nossa colonização”.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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