Putin não parece estar vencendo a guerra de narrativas

Para José Álvaro Moisés, um aspecto sobremaneira importante do conflito entre Rússia e Ucrânia é a guerra de narrativas atualmente em curso e na qual Putin, apesar de suas vantagens militares, não parece levar vantagem

 09/03/2022 - Publicado há 3 anos

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O professor José Álvaro Moisés tem como tema de sua coluna hoje (9) a guerra entre Rússia e Ucrânia, focando o modo como os países envolvidos têm se comunicado com o público. Ele cita que o Parlamento russo aprovou muito recentemente uma lei que criminaliza a cobertura do conflito, prevendo pena de até 15 anos de prisão para “quem se referir à guerra como guerra”. Para o colunista, tal iniciativa das autoridades russas ocorre no contexto de sinais de descontentamento de setores da população russa, “que a essa altura já começa a sentir os efeitos das sanções econômicas em represália contra a invasão”. Mas, além dessa lei, a Rússia também bloqueou o acesso ao Facebook e ao Twitter. “O objetivo almejado é que a guerra seja chamada de operação militar especial, como Putin tem se referido aos atos de invasão.” Ainda segundo o colunista, a decisão das autoridades russas mostra que um aspecto importante do conflito se refere à disputa de narrativas sobre o que está acontecendo.

Diz Álvaro Moisés: “A guerra de narrativas, que coloca em questão a legitimidade da agressão russa contra a Ucrânia, não está deixando o Brasil de fora desse cenário, diante de declarações contraditórias do presidente Jair Bolsonaro, falando em neutralidade, em clara contradição com as votações do Brasil no Conselho de Segurança da Assembleia Geral da ONU. A maioria dos pré-candidatos à presidência repudiou a invasão da Ucrânia. A manifestação mais incisiva foi dos pré-candidatos Sérgio Moro, do Podemos, João Doria, do PSDB, Simone Tebet, do MDB, e Felipe D’Ávila, do Novo, defendendo que o Brasil assuma claramente uma posição em relação ao conflito e se una às nações que defendem a soberania da Ucrânia e buscam a solução pacífica do conflito. A grande reivindicação contra a guerra é a construção da paz”. Álvaro Moisés diz ainda que a democracia não funciona quando os senhores da guerra abandonam as negociações e jogam as suas forças militares contra as populações civis. “A guerra de narrativas em curso atualmente é sobre isso e, apesar de suas enormes vantagens militares, Putin não parece estar vencendo essa batalha.”


Qualidade da Democracia
A coluna A Qualidade da Democracia, com o professor José Álvaro Moisés, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP,  Jornal da USP e TV USP.

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