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Giselle Beiguelman elegeu como tema de sua coluna desta semana o Vision Pro, o novo lançamento da Apple que tem causado alvoroço nas redes e na mídia em geral. O dispositivo é um visor que combina recursos de Realidade Aumentada e Realidade Virtual e que permite interagir com conteúdos digitais tridimensionais por meio de comandos de voz, por rastreamento ocular e por acompanhamento dos gestos das mãos. Anunciado desde o ano passado, esse “visor” da Apple gerou uma série de memes, especialmente entre os brasileiros, porque o dispositivo lembra muito os óculos do antológico franguinho da Sadia.

“Mas agora esses memes se multiplicaram, com imagens que mostram pessoas andando na rua, digitando em um teclado invisível, ou andando e dando de cara com uma parede ou com um muro. A quantidade de memes e a sua diversidade indicam também um desconforto das pessoas com essa ideia de que nós vamos viver encapsulados, num ambiente completamente alheio ao contato social”, diz a colunista. “Para além do seu design, tem muitas críticas, que o dispositivo é muito proeminente, parece um escafandro e, além de tudo, é caríssimo.” As primeiras reações são também um alerta para nós pensarmos que está contida aí, nesse produto, uma aposta que, de certa forma, é ultrapassada: a do mundo digital como universo paralelo”.

Giselle conclui: “É como se nós voltássemos muitos passos atrás, que me lembram a época do lançamento do walkman. De fato, o walkman  foi uma revolução na maneira como as pessoas consomem música, mas consolidou esse estilo de vida social onde as pessoas cada vez mais vivem de forma individualizada, introspectiva, e com pouca abertura para o que não pertence às bolhas de cada um, com poucas aberturas para o indeterminado e o imprevisível das cidades e das ruas. Isso dá o que pensar”.

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