O uso da maconha e o risco aumentado de transtornos do neurodesenvolvimento

Estudo europeu mostra que filhos de mães que usam maconha no pré-natal têm um risco 98% maior de desenvolver transtornos de hiperatividade, autismo e doenças intelectuais

 Publicado: 06/05/2024

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João Paulo Lotufo comemora a decisão da Anvisa de manter a proibição da importação e da produção do cigarro eletrônico no País, apesar do consumo ser uma realidade entre os jovens, que não conhecem o risco do uso da droga, assim como desconhecem os riscos potenciais da maconha, cujo porte em pequena quantidade também está em discussão. Lotufo revela que um novo estudo, apresentado no congresso da Associação Europeia de Psiquiatria, tornou clara a associação entre o transtorno pré-natal do uso de cannabis e o risco aumentado de transtornos do neurodesenvolvimento na prole, “incluindo transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que é o TDAH, transtorno do Espectro Autista, que é o TEA, e a deficiência intelectual.

“Nós sabemos que a cannabis continua a ser, de longe, a droga ilícita mais consumida na Europa: 3% dos adultos da União Europeia consomem a maconha, isso corresponde a quase 4 milhões de pessoas, sejam consumidores diários ou consumidores quase diários de cannabis”, acrescenta ele. “O estudo encontrou efeitos sinérgicos entre o consumo de maconha pré-natal e tabagismo materno, bem como outras complicações na gravidez, amplificando o risco de transtornos do neurodesenvolvimento, ou seja, usar maconha e fumar tabaco leva a somar os efeitos do neurodesenvolvimento – efeitos maléficos, óbvio.”

De acordo com o colunista, a pesquisa enfatiza a importância da conscientização e aconselhamento sobre os perigos potenciais do uso de cannabis durante a gravidez para prevenir danos a longo prazo às crianças. “Nós temos, no nosso ambulatório de Pediatria do Hospital Universitário, inúmeros casos com suspeita de transtornos de hiperatividade, de autismo e doenças intelectuais e o médico, ele não lembra de perguntar se essas crianças foram vítimas do uso de drogas durante a gestação por parte da mãe ou até do pai. Isso precisa entrar na nossa rotina. A gente diz que qualquer droga iniciada antes de o cérebro estar formado, aos 21 anos, a chance de problemas é maior, a chance de dependência é maior, imagine isso usado durante a gestação, onde o desenvolvimento cerebral tem ali uma evolução muito rápida e a droga já está fazendo efeito.”


Dr. Bartô e os Doutores da Saúde
A coluna Dr. Bartô e os Doutores da Saúde, com o professor João Paulo Lotufo, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7 ; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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