A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, foi vítima de uma tentativa de homicídio praticada por um brasileiro, nascido em São Paulo, filho de um chileno e de uma Argentina e radicado na região metropolitana de Buenos Aires. Quais são as consequências desse atentado para a vida política Argentina a curto prazo e quais são as suas causas?
De acordo com o professor Alberto do Amaral, a Argentina encontra-se mergulhada numa seríssima crise política e econômica. A inflação extremamente elevada, o nível de vida precário, caindo cada vez mais, as dificuldades do governo enfrentar a crise econômica que se abate sobre o país, o número de pobres cada vez mais elevado. Em meio a esse cenário, a tentativa de homicídio contra a vice-presidente da Argentina fez com que houvesse uma reviravolta na política local.
Cristina Kirchner tornou-se o centro do palco. Com isso, as acusações que vieram dirigidas à crise governamental, crise econômica, tudo isso passou a figurar numa espécie de plano secundário e hoje Cristina ocupa o centro das atenções. Tudo isso deve elevar a sua popularidade nas eleições que serão disputadas em curto prazo.
O fato, prossegue o colunista, é que o atentado à vice-presidente da Argentina, independentemente de qualquer outra consideração, é algo a ser condenado com veemência. O episódio é preocupante porque mostra uma tendência na América Latina: o aumento da violência política, da intolerância dos contrários e a não aceitação da legitimidade do oponente como sendo um ato legítimo da cena política.
Isso, conclui Alberto do Amaral, é altamente preocupante e nocivo para a democracia e ameaça a solidez das instituições. E é um alerta para um país como o Brasil, que se aproxima das eleições e que precisa manter um nível de civilidade entre os candidatos se quiser continuar a ter um processo democrático robusto no futuro, muito superior ao atual.
Um Olhar sobre o Mundo
A coluna Um Olhar sobre o Mundo, com o professor Alberto Amaral, vai ao ar quinzenalmente, terça-feira às 8h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9 ) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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