Novo medicamento para tratamento de câncer de tireoide pode diminuir o avanço da doença

Para Marco Aurélio Kulcsar, mais importante do que aprovar drogas como tratamento é aprovar testes moleculares para medir a gravidade das doenças

 17/07/2023 - Publicado há 1 ano
Menos de 20% dos nódulos na tireoide são malígnos; a maioria é benigna – Foto: Freepik

 

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Incorporado recentemente ao rol de procedimentos da Agência Nacional de Saúde (ANS), Lenvima (mesilato de lenvatinibe) é o novo medicamento para câncer de tireoide destinado a pacientes que já passaram por iodoterapia e não obtiveram sucesso no combate à doença. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 750 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de alguma patologia da tireoide e aproximadamente 60% desse número não sabe que tem problemas na glândula. No Estado de São Paulo, são cerca de 8 mil casos por ano.

Problemas comuns da tireoide

De acordo com Marco Aurélio Kulcsar, chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), o problema mais comum da tireoide é o hipotireoidismo, uma inflamação na tireoide que pode acontecer após um processo viral ou períodos de longo estresse. O problema do hipotireoidismo é seguido dos nódulos no pescoço: “A maior parte deles são benignos e os que são malignos são a menor parte dos nódulos, são menos de 20%. Na ergonomia do ser humano, o câncer de tireoide representa 3%”.

Esses problemas, bem como o câncer de tireoide, podem ser identificados em exames de rotina. Kulcsar também ressalta que eles são curáveis e possuem diversas opções de tratamento à disposição do paciente. 

Identificação do câncer 

Marco Aurélio Kulcsar – Foto: SBCCP/Facebook

Como parte fundamental da descoberta da doença, está o papel do médico ao saber examinar seus pacientes: “Quando faz o exame da tireoide, o importante é o médico da unidade básica de saúde saber examinar o pescoço, apalpar um pescoço, não fazer ultrassonografia aleatória”, diz Kulcsar. A partir dessa primeira análise do médico, se encontrado um nódulo, ele deve encaminhar o paciente para ultrassonografia e, se o nódulo for suspeito na ultrassonografia, deve-se fazer a punção. Na identificação do câncer é necessário fazer cirurgia. 

“A cirurgia é fundamental. Há exceções que vão usar lenvatinibe. É o caso daquele doente que tem uma doença mais grave desde o começo. Provavelmente, esse doente tinha um nódulo pequeno que cresceu muito rápido, deu metástase para pulmão ou mesmo para osso e que não responde ao tratamento tradicional para essa metástase a distância. No pulmão e osso o radioiodo funciona muito bem ou às vezes até a radioterapia externa, principalmente para osso, mas quando não tem resposta e continua evoluindo, essas drogas imunobiológicas vão lá e bloqueiam por uma atividade imunitária”, explica. 

A incidência de câncer de tireoide é maior em mulheres. No entanto, quando acomete homens, pode ser mais agressivo. Para Kulcsar, mais importante do que aprovar drogas como tratamento é aprovar testes moleculares para medir a gravidade das doenças, mudando a forma de tratamento ou até antecipando o uso de medicamentos como o Lenvima. Esse seria o próximo passo para o avanço dos tratamentos de câncer. 

Lenvima e expectativa de vida 

O novo medicamento não proporciona a cura, mas diminui o avanço do câncer. “Tem pacientes que fizeram um tratamento cirúrgico, às vezes voltou a doença, às vezes faz um segundo tratamento cirúrgico, fez uma ou duas vezes iodo radioativo. Quando você já fez essa dose e essa doença pulmonar ou alguma doença do pescoço, apesar de operada, continua crescendo, você usa essa droga, o lenvatinibe ou Lenvima, e ela bloqueia o crescimento da doença”.  Kulcsar explica que ao fazer esse bloqueio tem-se um aumento da qualidade de vida do paciente e o medicamento não causa tantos efeitos colaterais quanto outros medicamentos utilizados anteriormente.


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