Nos últimos anos, foi possível observar o crescimento do debate sobre o exercício trabalhista denominado como “trabalho reprodutivo”. Esse tipo de atuação pode ser definido como uma espécie de trabalho de reprodução social que é extremamente importante para a manutenção do bem-estar coletivo, mas que não é remunerado. Na maioria dos casos, é realizado por mulheres e se soma à rotina laboral já exercida por elas.
De acordo com a pesquisa Cuidados no Domicílio, realizada pela Fundação Seade, as mulheres seguem sendo as principais responsáveis pelos cuidados dos filhos, dos idosos, dos enfermos e da casa no Estado de São Paulo. Apesar da manutenção desse cenário, uma mudança era esperada, uma vez que, nas últimas décadas, foi possível observar importantes transformações demográficas — com a maior participação feminina no mercado de trabalho e com algumas mudanças nos arranjos familiares.
Cuidados
Ainda de acordo com a pesquisa, em 2021, cerca de 42% das famílias paulistas apresentavam algum membro que precisava de cuidados. Dessas, 58% contavam com idosos com 60 anos ou mais, 37% tinham alguém com enfermidade crônica, 13% tinham pessoas com deficiência e cerca de 25% possuíam crianças de até 5 anos de idade.
Em todas as famílias com crianças havia um cuidador responsável pelo acompanhamento desses indivíduos. Nas famílias com idosos, o porcentual era de 39%, nas famílias com pessoas com deficiência o número caía para 30% e, nas famílias com enfermos, o número chegava apenas aos 9%.
Perfil
O perfil dos cuidadores também contava com variações de acordo com o grupo que estava recebendo os cuidados. Cerca de 95% dos cuidadores de crianças apresentavam menos de 60 anos, contra 40% dos cuidadores de idosos que tinham 60 anos ou mais — ou seja, idosos cuidando de idosos.
Em apenas 7% dos casos os cuidadores não eram membros da família, mas babás, cuidadores profissionais ou empregados domésticos. Em nove de cada dez casos, o cuidador era uma mulher e 90% delas faziam parte da família e moravam na mesma residência da pessoa que precisava dos cuidados. Além disso, cerca de 50% dessas mulheres também eram responsáveis pela realização de tarefas domésticas, com a ausência de remuneração para esses trabalhos.
*Sob supervisão de Cinderela Caldeira e Paulo Capuzzo
Boletim Panorama Paulista é uma parceria Rádio USP e a Fundação Seade
Produção: Paulo Emira
Co-produção - Cinderela Caldeira, Felipe Bueno e J. Perossi
Edição - Cinderela Caldeira
Semanal, quarta-feira, 8h35
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