Um navio cargueiro movido a vento estreia em uma viagem da China ao Brasil. A primeira jornada da embarcação, que ganhou o nome de Pyxis Ocean, servirá como o primeiro teste da tecnologia. O projeto ganhou destaque na área tecnológica, já que pode ajudar a indústria a caminhar em direção a um futuro mais verde.
Claudio Muller, professor do Departamento de Engenharia Naval e Oceânica da Escola Politécnica (Poli) da USP, explica que é difícil a construção de um navio que possa ser unicamente movido a vento, assim, a intenção do projeto é utilizar a energia dos ventos como um complemento para a redução do consumo de combustível. “Com a redução do consumo de combustíveis fósseis nós temos, consequentemente, a diminuição da emissão de poluentes”, comenta o especialista.
Funcionamento
As turbinas, que são normalmente vistas em parques eólicos, apresentam como principal objetivo a geração de energia elétrica, mas existem alguns estudos que utilizam essa opção como uma forma de aproveitar a energia dos ventos para a realização da manutenção dos navios. Também existem outras alternativas como os rotores cilíndricos, velas rígidas ou flexíveis e outros sistemas que utilizam a força dos ventos para a criação de uma força adicional.
O professor reflete que a utilização da força do motor pode ser reduzida a partir desse processo. No Pyxis Ocean é utilizada uma vela rígida composta de três grandes corpos que se assemelham à ideia de funcionamento da asa de um avião, dessa forma, os conceitos de ângulo de ataque e curvatura fazem parte do processo de funcionamento do cargueiro.
Evolução
O controle de emissão dos gases do efeito estufa está sendo cada vez mais apertado, assim, Muller comenta que controles internacionais — tanto dentro de organizações como a ONU quanto de instituições como a União Europeia (UE) — atuam sobre a emissão diária de combustíveis. Além disso, a procura por investimentos no próprio setor de financiamentos bancários busca o compromisso das organizações com uma política verde. “A maioria dos armadores são pequenos e médios, dessa forma, eles terão um desafio muito maior em encontrar mecanismo que contem com a redução das emissões, mas que também sejam financeiramente viáveis”, adiciona o professor.
Por esses motivos, a fase de testes é importante e deve focar na busca por uma redução quase completa do CO2 até 2050. O especialista destaca também que a energia eólica não é a única que pode auxiliar no processo de descarbonização desse setor, sendo possível observar velas que apresentam painéis solares, combustíveis alternativos e a construção de cascos mais alternativos.
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