Nanopartículas de ouro podem ajudar na identificação e tratamento de câncer

Paula Lins explica como essa patente USP funciona e qual o seu diferencial para lidar com a doença

 Publicado: 18/06/2024
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Células cancerígenas ósseas – Arte sobre imagem NIH Image Gallery/Flickr/Domínio público

 

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O câncer é uma doença muito complexa e não possui cura atualmente. Porém, isso não significa que não se devam buscar novas formas de identificação e tratamento dessa enfermidade. Esse é o objetivo da patente USP Método de Plataforma de Tratamento de Câncer. “Basicamente, a ideia do projeto foi biomimetizar uma partícula inorgânica e tornar ela mais biocompatível. Com isso, fazer com que elas sejam um sistema híbrido, que seja capaz de fazer um diagnóstico e, ao mesmo tempo, um tratamento”, explica Paula Lins, doutoranda do Instituto de Física da USP São Carlos. 

No caso dessa tecnologia, a partícula inorgânica são os nanorods de ouro, ou seja, partículas da ordem nano — mas bem pequenas —, que seriam revestidas com vesículas extracelulares. Esse revestimento é responsável pela biomimetização, que é, basicamente, imitar uma estrutura biológica.

Como funciona

Paula Maria Pincela Lins – Foto: Reprodução/iGEM

“A gente já sabe que eles conseguem fazer o imageamento do local onde ele se acumula e, ao mesmo tempo, se a gente incide um laser próximo do infravermelho, a gente consegue fazer o aquecimento local”, diz Paula. Os nanorods, quando acoplados às vesículas — que têm uma função de direcionamento e comunicação entre as células —, passam de passivos para ativos nessas tarefas. 

“Essa tecnologia é capaz de incrementar a internalização de agentes teranósticos — responsáveis por unir aplicações diagnósticas e terapêuticas nanocientíficas para formar um único agente — em células-chave do ambiente tumoral, permitindo uma alta seletividade para o tratamento do câncer”, acrescenta a pesquisadora.

Desenvolvimento

Por mais que o projeto ainda esteja no começo, toda pesquisa é bem-vinda, visto a complexidade do câncer. Ensaios in vitro estão sendo feitos, mas existe a necessidade dos pré-clínicos, ou seja, in vivo, que exigem uma maior estruturação e investimento para poder defender melhor a tecnologia para uso em humanos. 

“Eu acredito que falta também a aprovação das nanopartículas inorgânicas, por exemplo, pela Anvisa, que ainda é um processo em debate. Acredito que sejam esses dois passos os próximos para se tornar aplicável”, coloca Paula.


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