Quando a gente olha 2023, com a entrada de um novo governo, com expectativas bastante diversas, percebe-se que uma parte da agenda tem evoluído, tem um foco no novo arcabouço fiscal, tem a questão da Reforma Tributária, mas tem outros pontos mais relacionados ao longo prazo, como a parte do meio ambiente, que teve uma mudança bastante considerável, a da educação, que teve uma melhora significativa.
Na parte econômica, ainda existe uma certa incerteza em relação ao fiscal. Até que ponto o arcabouço atual vai conseguir controlar os gastos. Começamos o ano com juros bastante altos, olhando a parte da política monetária, com uma queda que começou mais recentemente e também existe alguma dúvida em relação a quando o Banco Central vai parar de reduzir os juros, e esses juros têm estado em um patamar restritivo, que ainda segura a atividade econômica, e a inflação tem entrado numa trajetória de queda, sendo que hoje está muito mais confortável do que se estava no começo do ano. Então, tem pontos positivos e pontos que não são tão positivos, mas hoje a incerteza reduziu muito em relação ao fim do ano passado, com a mudança de governo.
Se a gente olha o final do ano passado, começo deste ano, as perspectivas eram de que a economia teria um desempenho muito fraco, muito próximo da estabilidade, talvez até uma possível retração do PIB. E o que aconteceu foi, na verdade, um desempenho razoavelmente bom, uma parte por causa da agropecuária, que teve um desempenho muito forte no começo do ano, e o setor de serviço também teve um desempenho acima do que se esperava, então se criou muito emprego. Até a renda média aumentou e isso aumentou a massa salarial, que também estimula a economia. Teve um erro bastante grande de previsão de muitos analistas e espera-se que, em 2024, a economia tenha um desempenho relativamente fraco, em torno de 1,5% de crescimento, essa é a previsão dos analistas, sobretudo pela questão dos juros ainda restritivos […] é possível que o Banco Central pare no patamar ainda restritivo, além da questão da economia mundial também desacelerando, destaque para a economia chinesa. E a questão fiscal no Brasil que ainda não está resolvida, isso causa incerteza.
Vários indicadores mostram o resfriamento da economia brasileira. Então, existe uma expectativa nesse cenário, eu acho que a grande questão aqui dentro é a questão fiscal e lá fora a questão do desempenho das grandes economias (chinesa, americana, europeia), alguns conflitos que também têm ainda prejudicado e têm aumentado a incerteza e o investimento, o desempenho econômico, e que podem se agravar também.
É um cenário de baixo crescimento, em torno de 1,5%, mas sempre levando em conta que existem erros, muitas variáveis acabam se alterando ao longo do caminho.
Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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