Mudança de governo reduziu as incertezas no campo econômico

Luciano Nakabashi prevê 2024 com um cenário econômico claudicante, muito por conta da questão da política do Banco Central em relação aos juros e do desempenho das grandes economias mundiais

 13/12/2023 - Publicado há 7 meses
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Quando a gente olha 2023, com a entrada de um novo governo, com expectativas bastante diversas, percebe-se que uma parte da agenda tem evoluído, tem um foco no novo arcabouço fiscal, tem a questão da Reforma Tributária, mas tem outros pontos mais relacionados ao longo prazo, como a parte do meio ambiente, que teve uma mudança bastante considerável, a da educação, que teve uma melhora significativa.

Na parte econômica, ainda existe  uma certa incerteza em relação ao fiscal.  Até que ponto o arcabouço atual vai conseguir controlar os gastos. Começamos o ano com juros bastante altos, olhando a parte da política monetária, com uma queda que começou mais recentemente e também existe alguma dúvida em relação a quando o Banco Central vai parar  de reduzir os juros, e esses juros têm estado  em um  patamar restritivo, que ainda segura a atividade econômica, e a inflação tem entrado numa trajetória de queda, sendo que hoje está muito mais confortável do que se estava no começo do ano. Então, tem pontos positivos e pontos que não são tão positivos, mas hoje a incerteza reduziu muito em relação ao fim do ano passado, com a mudança de governo.

Se a gente olha o final do ano passado, começo deste ano, as perspectivas eram de que a economia teria um desempenho muito fraco, muito próximo da estabilidade, talvez até uma possível retração do PIB. E o que aconteceu foi, na verdade, um desempenho razoavelmente bom, uma parte por causa da agropecuária, que teve um desempenho muito forte no começo do ano, e o setor de serviço também teve um desempenho acima do que se esperava, então se criou muito emprego. Até a renda média aumentou e isso aumentou a massa salarial, que também estimula a economia. Teve um erro bastante grande de previsão de muitos analistas e espera-se que, em 2024, a economia tenha um desempenho relativamente fraco,  em torno de 1,5%  de crescimento, essa é a previsão dos analistas, sobretudo pela questão dos juros ainda restritivos […] é possível que o Banco Central pare no patamar ainda restritivo, além da questão da economia mundial também desacelerando, destaque para a economia chinesa. E a questão fiscal no Brasil que ainda não está resolvida, isso causa incerteza.

Vários indicadores mostram o resfriamento da economia brasileira. Então, existe uma expectativa nesse cenário, eu acho que a grande questão aqui dentro é a questão fiscal e lá fora a questão do desempenho das grandes economias (chinesa, americana, europeia), alguns conflitos  que também têm ainda prejudicado e têm aumentado a incerteza e o investimento, o desempenho econômico, e que podem se agravar também.
É um cenário de baixo crescimento, em torno de 1,5%,  mas sempre levando em conta que existem erros, muitas variáveis acabam se alterando ao longo do caminho.


Reflexão Econômica
A coluna Reflexão Econômica, com o professor Luciano Nakabashi, vai ao ar quinzenalmente,  quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.

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