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Guilherme Wisnik fala nesta sua coluna sobre o livro A Razão dos Centavos – Crise Urbana, Vida Democrática e as Revoltas de 2013, de autoria de Roberto Andrés, arquiteto, professor na UFMG e um dos editores da revista Piseagrama, livro esse que é resultado de uma pesquisa de doutorado realizada por ele na FAU/USP. De acordo com Wisnik, o livro é lançado “exatamente neste momento muito propício em que se debate os dez anos das jornadas de junho de 2013, então, a primeira coisa a dizer é que é um resultado de uma pesquisa muito extensa e muito aguda sobre o fenômeno […] nesses dez anos, o que nós vimos acontecer foi uma derrocada política brasileira terrível, o País afundou no fundo de um poço do autoritarismo da extrema-direita, coisa que não se imaginava ser possível àquela altura, quando eclodem as revoltas de junho em 2013”. O colunista observa ainda que a obra procura esmiuçar a complexidade daquela energia social que estava presente e todos os seus desdobramentos.

A abordagem de Andrés é de esquerda, a partir de uma filiação marxista. “E aí o Roberto Andrés vai procurar explicar a complexidade de junho de 2013 pela vida urbana, isto é, pelas complexidades e contradições que haviam ali, numa pauta de  governos do PT que, na verdade, tinham, apesar de sua agenda progressista, reforçado uma privatização da vida urbana, baseada no automóvel individual, no descrédito do transporte público, e aí o aumento da tarifa dos 20 centavos e o surgimento do Movimento Passe Livre se explica […] “então, o olhar do Roberto Andrés volta a ter uma urgência muito grande hoje, quando o governo Lula volta a falar de incentivo ao carro popular ao invés de dar ênfase ao transporte público, como o livro defende”.

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