A guerra entre Israel e Hamas completou um ano no dia 7 de outubro. Trata-se de um conflito que tem impactado o meio jornalístico, como admite o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, uma vez que, em um ano, essa guerra já matou mais jornalistas do que a maioria das guerras, inclusive as mais longas. O Comitê de Proteção aos Jornalistas calcula pelo menos 128 mortos, “é uma coisa extraordinária e muito constrangedora para Israel, porque todas, menos duas dessas mortes, foram cometidas por soldados israelenses ou forças da defesa israelense. Isso é sem precedentes na história contemporânea”, admite o colunista. Além das mortes, Lins da Silva cita uma série de ilegalidades que ferem o direito e a autonomia dos jornalistas de fazerem seu trabalho. “Qualquer jornalista estrangeiro que entre em Gaza tem de ficar sob a custódia das Forças Armadas israelenses, que controlam todos os seus movimentos, impõem censura e, além disso, fazem diversas outras atividades, diversas outras ações que prejudicam o trabalho dos jornalistas, entre elas a de aprisionar jornalistas palestinos independentes – pelo menos 69 jornalistas palestinos foram presos e 43 continuam sob custódia.”
Segundo o colunista, Israel é hoje o país que mais prende jornalistas no mundo. Toda essa situação acaba interferindo na saúde mental dos profissionais de imprensa, de tal modo que, em Washington, na semana passada, um jornalista do Arizona ateou fogo em seu próprio braço como protesto contra a cobertura que considera indigna do conflito de Gaza. “Esse jornalista é um jovem formado há seis anos pela Universidade Estadual do Arizona e trabalhava numa revista chamada Família do Arizona; agora ele está hospitalizado, o braço esquerdo provavelmente não vai ser recuperado.” Ele se sentia revoltado com o que considerava uma cobertura parcial, a favor de Israel, de parte da mídia americana e com a insensibilidade com o sofrimento, principalmente das crianças de Gaza.
Horizontes do Jornalismo
A coluna Horizontes do Jornalismo, com o professor Carlos Eduardo Lins da Silva, vai ao ar quinzenalmente, segunda-feira às 8h30, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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