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Enquanto muita gente ainda acredita ou quer acreditar que as alterações do clima foram inventadas, a tragédia ambiental no Rio Grande do Sul, com seus mais de 600 mil desabrigados, 150 mortos até agora, sem contar a população que não tem água, eletricidade, moradia ou comida, prova exatamente o contrário, e é sobre as consequências do desastre que o professor Glauco Arbix foca a sua coluna de hoje (21). De acordo com ele, os cientistas e a ciência têm mostrado para o mundo, já há anos, que eventos dessa natureza tendem a se tornar cada vez mais parte do cotidiano do planeta. Queimadas, incêndios, desertificação de terras férteis, secas, descongelamento de calotas polares, enchentes e furacões fazem parte da normalidade da vida na Terra, se estendendo de Norte a Sul e de Leste a Oeste do globo terrestre. “O mais triste, no entanto, é que fazem  parte da nossa vida por conta da atuação humana. Escolhas feitas na nossa economia, na maneira como a gente organiza as cidades ou como a gente abusa das fontes sujas de energia, e ainda na sanha do desmatamento de áreas verdes e florestas e até mesmo a nossa alimentação, que é cada vez mais, se mantida como está, fonte de emissão de carbono.”

Ele acrescenta que a tragédia que assola o Sul do País foi anunciada e que estudos e alertas dados pela ciência foram muito fortes. “É sempre bom lembrar: os custos da atuação pós-desastre são muito maiores do que aqueles que deveriam existir para prevenir e preparar as populações. A infraestrutura está construída por uma realidade que não existe mais. Eu não estou nem falando da má gestão pública, que a ciência busca novas fontes de energia, tenta despoluir os oceanos, proteger as florestas, mas ciência não faz mágica, os governos precisam atuar, a sociedade precisa se tornar viva e ter muita consciência para a gente não ser apenas gestor de desastre. É triste, mas essa é a realidade.”

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