Durante a pandemia, pesquisadores do Centro de Estudos sobre o Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP começaram a estudar pessoas com mais de 90 anos que se curaram de covid-19, ou que foram expostas ao vírus e permaneceram assintomáticas. Dentre elas, havia 20 centenários, e três deles tinham mais de 110 anos.
O intuito era investigar se havia um componente genético que protegeria essa população de desenvolver a forma grave da doença. “Sabemos que o envelhecimento saudável depende 80% do ambiente e 20% da genética”, explica a diretora do CEGH-CEL Mayana Zatz, ressaltando que a receita ambiental para manter a saúde é conhecida: comida saudável, exercício físico, não ter sobrepeso e, se possível, pouco estresse. “Entretanto, conforme as pessoas envelhecem, a genética começa a ter um papel cada vez mais importante”, diz.
Na coluna de hoje, Mayana conta história de vários personagens estudados. Um deles é a irmã Inah, com 115 anos. “Ela nos contou que tinha uma banda de música e viajava com a banda por todos os países da América Latina”, relata a geneticista. “A irmã dela, que estava ao lado, pediu para ela escrever nosso nome e ela perguntou: ‘Mayana é com i ou y?; Mateus com h? Monize com s ou z’? E lá foi ela escrever nossos nomes com uma mão superfirme.”
Mayana conclui que é preciso descobrir os segredos desses centenários, identificar quais são as variantes genéticas responsáveis pela longevidade, o que essas variantes produzem e compartilhar seus segredos com todos aqueles que não tiveram a sorte de nascer com os genes premiados.
Decodificando o DNA
A coluna Decodificando o DNA, com a professora Mayana Zatz, vai ao ar quinzenalmente, quarta-feira às 9h, na Rádio USP (São Paulo 93,7; Ribeirão Preto 107,9) e também no Youtube, com produção da Rádio USP, Jornal da USP e TV USP.
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