Brasil apresenta aumento de 3,7% no número de hipertensos em apenas 15 anos

Segundo o professor Luiz Aparecido Bortolotto, as causas para esse aumento vão desde a obesidade, passando por fatores genéticos e chegando no envelhecimento da população

 15/05/2023 - Publicado há 12 meses
Para prevenir a hipertensão é importante medir a pressão arterial – Foto: Marcos Santos/USP Imagens
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Segundo o Ministério da Saúde, o número de adultos hipertensos aumentou 3,7% em 15 anos no Brasil. Os motivos para esse aumento estão associados a diferentes fatores como obesidade, histórico familiar, estresse e envelhecimento populacional. O professor Luiz Aparecido Bortolotto, do Departamento de Cardiopneumologia da Faculdade de Medicina da USP e diretor da Unidade de Hipertensão Arterial do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas, comenta que o aumento está relacionado com a junção de diferentes causas. 

Causas 

As principais causas para o desenvolvimento da hipertensão alta são, além de fatores genéticos, os fatores ambientais, o sedentarismo, o estresse repetitivo e o constante consumo de sal em grandes quantidades, juntamente com alimentos ultraprocessados. O professor adiciona a questão do envelhecimento populacional: “Quando envelhecemos, nossos vasos ficam mais enrijecidos, e a pressão, principalmente a sistólica, acaba aumentando. Isso pode ser observado pelo fato de 60% da população idosa ser hipertensa”. 

Luiz Aparecido Bortolotto – Foto: Cecília Bastos/USP Imagens

Os índices divulgados pelo Ministério da Saúde demonstram que o número foi de 22,6% em 2006 para 26,3% em 2021 (dado que pode estar ainda mais elevado hoje). O valor representa cerca de ⅓ da população adulta e revela o cuidado que deve ser tomado com essa questão. O especialista adverte ainda que essas estatísticas são baseadas nos indivíduos que apresentam conhecimento sobre a própria doença, contudo, grande parte das pessoas hipertensas não sabe que apresenta essa condição. Assim, é comum que, nesses casos, a doença se eleve gravemente, trazendo consequências sérias para a saúde do sujeito. 

Complicações 

O especialista explica que existem quatro órgãos que são diretamente afetados pela hipertensão. O primeiro, e mais conhecido, é o coração. Com o aumento da pressão arterial, ele costuma ser sobrecarregado e dilatado, fator que pode diminuir sua eficiência e causar insuficiência cardíaca no indivíduo. O infarto surge a partir dessas características e, em alguns casos, pode causar a morte do paciente. 

O cérebro é outro órgão que pode ser influenciado pela pressão alta, nele o AVC é a principal consequência, a pessoa que sofre com ele pode perder movimentos, ter sua memória afetada e desenvolver uma demência muscular. Os rins também podem apresentar falência, juntamente com os olhos, já que os vasos oculares podem ser afetados, levando o indivíduo a perder a visão.

Sintomas e prevenção 

O diagnóstico para a pressão alta é considerado relativamente simples, contudo, muitas vezes o problema demora para ser identificado, uma vez que 90% dos pacientes não apresentam nenhum sintoma. Os outros 10% costumam sentir dores de cabeça, tontura e outros problemas inespecíficos, já que podem indicar diversos outros problemas. Em casos mais graves, é possível que apareçam sangramentos no nariz, dor no peito e falta de ar.

Para prevenir a hipertensão, é importante medir a pressão arterial, assim, aferi-la da forma correta e constantemente pode auxiliar na identificação do problema. Caso a pressão aferida for maior ou igual a 140/90 mmHg, o indivíduo pode ser considerado hipertenso. 

É importante lembrar que praticar exercícios físicos e apresentar uma alimentação saudável é essencial para a prevenção de diferentes problemas de saúde. “No caso da hipertensão, diminuir o consumo de sal e de ultraprocessados é o mais importante. Além disso, ao desenvolver a doença, o uso de medicação recomendado por um profissional é constante e deve seguir para o resto da vida”, adiciona o especialista.


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